Você está visualizando atualmente Sérgio Abranches e Silvana Gontijo falam sobre inovação na recuperação de rios por meio da educação
Foto: Kevem Willian

Sérgio Abranches e Silvana Gontijo falam sobre inovação na recuperação de rios por meio da educação

  • Categoria do post:Notícias

Maristela Ferreira, psicanalista, mediou a mesa “Cidade sem Rio”, que aconteceu na tarde desta sexta-feira, 3 de novembro, em que participaram um dos curadores do Flitabira, Sérgio Abranches, e a escritora e jornalista Silvana Gontijo. Ela abriu lendo o poema drummondiano de mesmo nome, publicado em 1984, no jornal O Cometa Itabirano. “Talvez, porque me faltasse água corrente, hoje a tenho represada nos olhos e nesse vago verso fluvial”, diz a última frase da poesia declamada.

Depois de apresentar os participantes, a psicanalista abriu a discussão falando sobre inovação. “Não só vocês produzem cultura, como estão criando formas de poder comunicar, falar e trazer informação para as pessoas por meios inovadores”, provocou.

Para Sérgio Abranches, é preciso ressaltar que inovação não quer dizer, necessariamente, tecnologia. “Na verdade, tem inovação, como a Silvana Gontijo faz, social e no comportamento. Há possibilidades de inovar na cultura, na arte e no convívio social que não são tecnológicas. São as ideias novas que nos permitem sair dos impasses e das amarras”.

Foto: Kevem Willian

 

Ele frisou que os trabalhos literários aos quais se dedica, são focados em buscar mais democracia, inclusão e humanidade no futuro. E que, assim como nos projetos desenvolvidos por Silvana, o rio ocupa espaço de destaque. “Meus livros tem rios, em papéis importantes das histórias. Rios são o que tem de melhor nas nossas vidas, eles murmuram para nós; arejam; são responsáveis por aguar frutas e plantações; o rio é vida”.

Ainda sobre inovação, Silvana Gontijo concordou com a necessidade de, acima de tudo, vê-la como a capacidade de responder a perguntas. “Todo o meu trabalho de educação, que muda e recupera rios através das escolas, começa com uma tentativa de responder a uma pergunta que crianças me fizeram: ‘pra que eu vou aprender isso, se eu não vou usar?’. Se o que acontece ali não tem significado e se o que as crianças vivem na escola não servem para que elas façam alguma coisa por suas realidades, a educação não se cumpre”.

Para a escritora, as pessoas foram perdendo a competência de ler a natureza e pensar o que pode ser feito. Silvana Gontijo explica que percebeu que as crianças realmente querem mudar o mundo. “O programa que criei, ‘Esse rio é meu’, responde a isso. E a gente fez um piloto no Rio de Janeiro, no rio Carioca. A grande inovação foi articular uma causa de transformação do rio como forma de trabalhar, interdisciplinarmente, todos os conteúdos curriculares e o desenvolvimento das competências socioemocionais”.

Silvana Gontijo contou como foi o desafio de desenvolver e implementar o projeto na capital fluminense, Itabira e mais 12 municípios do estado do Rio de Janeiro. Ela também falou sobre o programa “Rios Literário”, um trabalho de investigação das crianças sobre todos os autores que se inspiraram nos rios com os quais elas têm contato. “Vamos criar itinerário sobre artistas, pintores, fotógrafos e músicos que também tenham se inspirado”, detalhou.

Foto: Kevem Willian

 

Para exemplificar o trabalho realizado pelo projeto, a jornalista exibiu um vídeo com Malu Mader, embaixadora de “Esse rio é meu”, explicando as etapas de desenvolvimento dele. Assim, Silvana Gontijo aproveitou para comemorar o fato de Itabira ter aderido ao programa. “Eu fico empolgada quando falo da cidade porque ela foi a segunda que entrou. Para minha surpresa, a rede aderiu de uma maneira tal, que estamos vendo os resultados ambientais e pedagógicos aparecendo em menos de um ano”.

Já finalizando o papo, a escritora apresentou um novo personagem para sua série de livros da Turma do Planeta, criado para homenagear Itabira. “Por causa de uma professora que vem colocando o trabalho do projeto em prática de maneira magistral, eu criei uma personagem itabirana que é a Flora, uma loba-guará que vive onde nasce o Rio Tanque”, celebrou.

SOBRE O FLITABIRA

Criado pelo jornalista Afonso Borges – que é também o idealizador do Festival Literário de Araxá (Fliaraxá) e do Sempre um Papo –, o Flitabira realizará sua terceira edição entre os dias 31 outubro e 5 de novembro de 2023, celebrando 121 anos de nascimento do poeta Carlos Drummond de Andrade. As atividades acontecem tanto de forma presencial, na Praça do Centenário, quanto on-line, pelo canal no YouTube do Festival.

O Flitabira tem patrocínio do Instituto Cultural Vale, via Lei de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, com o apoio da Prefeitura de Itabira e União Brasileira de Escritores – UBE.

INSTITUTO CULTURAL VALE

O Instituto Cultural Vale parte do princípio de que viver a cultura possibilita às pessoas ampliarem sua visão de mundo e criarem novas perspectivas de futuro. Tem um importante papel na transformação social e busca democratizar o acesso, fomentar a arte, a cultura, o conhecimento e a difusão de diversas expressões artísticas do nosso país, ao mesmo tempo em que contribui para o fortalecimento da economia criativa. Nos anos 2020-2022, o Instituto Cultural Vale patrocinou mais de 600 projetos em mais de 24 estados e no Distrito Federal. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com visitação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Onde tem Cultura, a Vale está. Visite o site do Instituto Cultural Vale: institutoculturalvale.org

SERVIÇO:

III Flitabira – Festival Literário Internacional de Itabira
De 31 de outubro a 5 de novembro
Local: Praça do Centenário (Rua Maj. Lage, 121 – Centro Histórico)
Informações: www.flitabira.com.br
Informações para a imprensa: info@flitabira.com.br