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Marcello Dantas, João Candido Portinari e Afonso Borges (Foto: Kevem Willian)

“O DNA é literatura”, conta Marcello Dantas na mesa “Entre o ser e as coisas”, ao lado de Afonso Borges e João Candido Portinari

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Afonso Borges e Marcello Dantas se encontraram, na tarde deste sábado, 4 de novembro, na mesa “Entre o ser e as coisas”. Essa reunião de curadores foi mediada por João Candido Portinari. “Me coube uma tarefa gratíssima que é de apresentar dois queridos amigos”, comentou alegremente.

Para explicar sobre o nome dado à mesa, João Candido passou a palavra para Marcello Dantas, que revelou mais sobre a escolha da poesia que nominou esse bate-papo. “Essa poesia me trouxe de volta para o que eu tenho pensado na vida: os outros seres. Existe um espaço realmente fascinante entre nós (o ser) e o mundo inanimado (as coisas), e nossa consciência sobre todos os outros seres que coabitam este planeta”.

Marcello Dantas explicou que esse movimento parte da ideia de querer se descolonizar e se reconstruir a partir disso. “Nós estamos o tempo todo em atitudes coloniais com os outros seres. Eu venho provocando artistas, pelo mundo inteiro, com a seguinte pergunta: você é capaz de me apresentar uma ideia que seja relevante para alguma outra espécie, além da sua? E provoco vocês: qual espécie do planeta sofreria com a extinção da espécie humana?”.

Para visualizar esse problema, Marcello Dantas mostrou uma apresentação que demonstra que outras espécies têm direito à expressão e à capacidade criativa. “Quando você entende o que tem informação ali dentro, isso abre uma janela enorme para a existência, além de possibilidade para uma vida em que a gente se integre a processos dinâmicos”.

O curador de arte Marcello Dantas (Foto: Kevem Willian)

O curador do catálogo completo da obra de Portinari seguiu sua linha de raciocínio levantando outras indagações filosóficas para tentar explicar como ouvir o que existe de sabedoria dentro de outros reinos. “Essa capacidade de interagir com os ambientes, que o Marcello fala a respeito, eu suguei para inserir nos nossos festivais. Ele é mestre em fazer todas as artes avançarem além dos seus campos restritos e individuais”, detalhou Afonso Borges.

Para o presidente do Flitabira, o evento espelha esse tipo de movimento e reúne pessoas com conteúdos éticos. “Essa palavra – ética – seleciona as pessoas. Quando elas trazem essa palavra em seu trabalho, acontece o espanto desses encontros. E alcança a educação no campo mais importante, a juventude. Além dessa intervenção urbana que modifica a vida das pessoas”, ressaltou. “Eu acho que o Marcello é um criador de espantos, de perplexidades. Ele guardou, da criança que ele carrega até hoje dentro dele, esse gosto saboroso do espanto, complementou João Candido.

O foco de interesse de Dantas está nas coisas que não tem resposta, em campos de conhecimento onde se tem simplesmente um vazio, quando se começa a articular coisas que ainda não foram trabalhadas. Dantas revelou que está se dedicando, fortemente, à fronteira entre a arte e a biologia. “Qual é o papel de um curador? Ele é quem junta lé, com cré, e dá uma experiência nova. Ao notar que os museus tinham um tabu absoluto sobre toda matéria viva entrar em seus espaços, vi que ali tem coisa”.

Ele acredita que parte do processo é entender a finitude da vida e, a partir dela, se dedicar àquilo que não persiste para sempre. Assim, exemplifica com diferentes trabalhos que vêm sendo produzidos nesse campo, como um museu submarino para que os corais construam as obras, no fundo mar. O estudioso vai além! “O DNA é literatura. Ele é uma biografia escrita de gerações e gerações. Os traumas de todos os seus antepassados estão impressos nele. Você não sabe ler isso, mas não quer dizer que não exista”, frisou.

Afonso Borges quis saber, dentro desse novo universo estudado por Marcello Dantas, o que o inspirou em Itabira e sua relação com Drummond. “Me interessa que as pessoas saiam deste lugar com aquilo que é o vírus de Itabira, que entrou e no poeta e ficou. A gente tem que tentar descobrir qual é o código que existe ali, que produz essa chama. Usando esses elementos em seus devidos lugares, as fagulhas vão produzir efeitos em outras gerações. E, aí, está viva a obra”, comentou.

SOBRE O FLITABIRA

Criado pelo jornalista Afonso Borges – que é também o idealizador do Festival Literário de Araxá (Fliaraxá) e do Sempre um Papo –, o Flitabira realizará sua terceira edição entre os dias 31 outubro e 5 de novembro de 2023, celebrando 121 anos de nascimento do poeta Carlos Drummond de Andrade. As atividades acontecem tanto de forma presencial, na Praça do Centenário, quanto on-line, pelo canal no YouTube do Festival.

O Flitabira tem patrocínio do Instituto Cultural Vale, via Lei de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, com o apoio da Prefeitura de Itabira e União Brasileira de Escritores – UBE.

INSTITUTO CULTURAL VALE

O Instituto Cultural Vale parte do princípio de que viver a cultura possibilita às pessoas ampliarem sua visão de mundo e criarem novas perspectivas de futuro. Tem um importante papel na transformação social e busca democratizar o acesso, fomentar a arte, a cultura, o conhecimento e a difusão de diversas expressões artísticas do nosso país, ao mesmo tempo em que contribui para o fortalecimento da economia criativa. Nos anos 2020-2022, o Instituto Cultural Vale patrocinou mais de 600 projetos em mais de 24 estados e no Distrito Federal. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com visitação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Onde tem Cultura, a Vale está. Visite o site do Instituto Cultural Vale: institutoculturalvale.org

SERVIÇO:

III Flitabira – Festival Literário Internacional de Itabira
De 31 de outubro a 5 de novembro
Local: Praça do Centenário (Rua Maj. Lage, 121 – Centro Histórico)
Informações: www.flitabira.com.br
Informações para a imprensa: info@flitabira.com.br