Por Letícia Finamore

O sábado do feriado de Finados, 2 de novembro, contou com um encontro entre os escritores Paulo Scott, Silvana Gontijo e Carlos Herculano Lopes. No entanto, a mesa de conversa começou com o escritor Airton Souza no palco, uma vez que Scott o convidou para ler um trecho de seu livro, “Outono de carne estranha”, para a plateia. A obra consagrou Airton como vencedor do Prêmio Sesc de Literatura em 2023 na categoria romance, porém foi atacada com críticas e censurada em razão da narrativa de uma relação sexual entre dois homens. A leitura do trecho pode ser conferida abaixo, em transmissão simultânea feita em 4K:

No trânsito da busca da compreensão do amor, o papel da leitura e da escrita na trajetória de Silvana Gontijo e Carlos Herculano Lopes, Paulo Scott passou a palavra para Silvana Gontijo. A escritora iniciou sua fala referenciando o tema da quarta edição do 4.º Flitabira: “Literatura, Amor e Ancestralidade”, dizendo que é impossível olhar para a ancestralidade sem sentir amor. Resgatando a declamação inicial de Airton, Silvana questionou o preconceito e a censura:

“Sempre reforço a ideia de uma humanidade com a qual eu sonho, e não poderia ser diferente pra mim, que gosto tanto de gente”.

Em seguida, Carlos Herculano Lopes deu início a sua fala mencionando sua paixão pelo estado do Rio Grande do Sul, terra natal de Paulo Scott, e mencionou as relações que sua trajetória de vida tem com o estado. Em seguida, saudou Silvana Gontijo e seus projetos “Cidades, salvem seus rios!” e “Esse rio é meu”, que aliam cultura, educação e meio ambiente para o público infantojuvenil. Com sotaque cantado e prosa íntima, o mineiro contou como iniciou na literatura. O desejo começou aos 9 anos e, graças ao gosto que sua mãe tinha pelos livros, perdurou e culminou em diversos livros publicados ao longo dos anos. 

Paulo Scott retomou a palavra em seguida e fez uma virada nos assuntos que guiavam a mesa. Assim como fez no dia 31 de outubro, dia do aniversário de Carlos Drummond de Andrade, o escritor gaúcho declamou o poema “Congresso Internacional do Medo”, escrito pelo itabirano e publicado no livro “Sentimento do mundo”. O poema em questão é o eixo central de uma argumentação que aborda um Brasil condenado a uma violência incomparável e naturalizada, algo que sempre o surpreende. Nesse poema, Drummond evidencia que o medo é um elemento estruturante da nação brasileira; sem ele, o Brasil se dissolve.

Ele conclui que o projeto de país descrito por Drummond busca uma esperança que o torna ameaçador aos olhos do mundo. A felicidade e a democracia justas no Brasil sempre serão vistas como uma ameaça pelos países dominantes. Drummond, em sua sensibilidade poética, oferece um retrato que, segundo o entrevistado, transcende qualquer obra jurídica:

“O nosso direito é o direito do invasor, e se eu tivesse que resumi-lo em uma palavra, seria ‘morte’. Considero esse poema de Drummond mais representativo do que qualquer obra jurídica escrita no país até hoje”.

A continuidade dada por Silvana Gontijo e Carlos Herculano Lopes escapuliu, de certa forma, da literatura, e concentrou-se na coexistência entre amor e ancestralidade, entremeando o tópico da natureza. A mistura desses tópicos levantou questionamentos tangentes à questão do direito de pertencimento – ao mundo, à natureza, às relações.

Sobre o Instituto Cultural Vale

O Instituto Cultural Vale acredita que a cultura transforma vidas. Por isso, patrocina e fomenta projetos em parcerias que promovem conexões entre pessoas, iniciativas e territórios. Seu compromisso é contribuir com uma cultura cada vez mais acessível e plural, ao mesmo tempo em que atua para o fortalecimento da economia criativa. Desde a sua criação, em 2020, o Instituto Cultural Vale já esteve ao lado de mais de 800 projetos em 24 estados e no Distrito Federal, contemplando as cinco regiões do País. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com programação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Onde tem Cultura, a Vale está. Visite o site do Instituto Cultural Vale: institutoculturalvale.org

Sobre o Flitabira

A 4.ª edição do Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira – acontece entre os dias 30 de outubro e 3 de novembro de 2024, quarta-feira a domingo, na Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (Av. Carlos Drummond de Andrade, 666, Centro), com entrada gratuita.

Com o tema “Literatura, Amor e Ancestralidade”, o 4.º Flitabira tem o patrocínio do Instituto Cultural Vale, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, com o apoio da Prefeitura de Itabira.

Serviço:

4.º Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira
De 30 de outubro a 3 de novembro, quarta-feira a domingo
Local: programação presencial na Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (Av. Carlos Drummond de Andrade, 666, Centro) e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @flitabira
Entrada gratuita

Informações para a imprensa:

imprensa@flitabira.com.br
Jozane Faleiro  – 31 99204-6367/ Letícia Finamore – 31 98252-2002