Por Gabriel Pinheiro

Silvana Tavano, Ilan Brenman, Luana Tolentino e Alexandre Coimbra Amaral conversaram sobre as possibilidades de literatura para infâncias no 5.º Flitabira

“As infâncias que nos atravessam” foi o tema do encontro desta tarde de sábado, 1.º de novembro, entre Silvana Tavano, Ilan Brenman, Luana Tolentino e Alexandre Coimbra Amaral – autoras e autores com importantes trabalhos voltados para as infâncias.

“É uma alegria estarmos juntos, de mãos dadas com as crianças que nós continuamos a ser”, abriu Alexandre Coimbra Amaral. Ele propôs ao público um exercício: uma imagem, uma casquinha de sorte, que possa representar o tempo. “Trazer essa criança pra bem perto é o convite que eu faço hoje. Que a gente abrace essa criança, que parece estar bem longe, mas que a gente perceba o quão próxima ela está.”

“Como vocês têm sido atravessados pela criança que há dentro de vocês?”, ele perguntou aos colegas de mesa. “Escrever para crianças com os olhos do infantil que há em nós”, comentou Silvana Tavano.

Luana Tolentino comentou ser, além de escritora, professora – já trabalhou com alunos de 12 a 18 anos e também com futuros professores para infâncias. “Vejo o quanto eu precisava abraçar essa menina Luana como um processo de cura”, disse ela, ao falar sobre sua estreia na literatura para infâncias, “Mamãe aprendeu a ler”. “É a minha experiência como filha de uma mãe que não sabia ler. Carregar essa menina Luana tem também uma experiência de renascimento”, concluiu.

Na sequência, Ilan Brenman mergulhou na etimologia de palavras como escola e infância. “Infância vem do latim e significa ‘aquele que não fala’. A infância foi criada como conceito por nós, seres humanos. A infância sempre existiu. (…) Falar de infância significa falar de um conceito que precisa ser preservado e que nos separa do mundo adulto. Todos os autores só são o que são por causa de suas infâncias. Todos somos produtos da nossa infância.” Ele prosseguiu: “Quando falamos de infância, estamos falando da coisa mais importante da face da Terra.”

“As pessoas têm um preconceito enorme com literatura para crianças”, destacou Silvana. “O simples é muito difícil. É muito mais difícil você conseguir ser simples e dizer muito com isso”, prosseguiu. “Quando a gente quer fazer a detração de uma pessoa adulta, a gente a chama de infantil. (…) O que significa que, lá no fundo, a gente pensa isso também da criança”, refletiu Alexandre. “Voltar para nossas crianças é dizer olá novamente para aquilo que a gente foi e continua sendo. (…) É olhar para as dores dessa criança.”

Luana Tolentino disse se orgulhar de ter nascido numa casa que, apesar de todas as precariedades materiais, foi uma casa com muitos livros. “Meu pai foi um homem leitor. (…) As pessoas não têm a dimensão do que é uma família pobre ter uma assinatura de jornal. Isso foi a minha salvação”, comentou, numa fala profundamente sensível. “A dor é algo que atravessa a minha infância. Eu falo da perspectiva da dor na esperança de que eu possa contribuir para que outras crianças parecidas comigo possam contar histórias diferentes da minha.”

“É pelo sofrimento que a gente avança”, declarou Ilan, refletindo sobre a fala da colega de mesa. “É muito bonito isso que você está falando, Luana. (…) É através disso que a luz pode penetrar. Mas como essa luz será acesa?” O escritor seguiu: “Não tenham medo do medo das crianças. As crianças são complexas. (…) A metáfora, a literatura, serve pra gente mostrar a beleza da vida. Mas, para mostrar a beleza da vida, é preciso mostrar a feiura da vida.”

“Acho que, em todos os livros, de uma forma ou de outra, estão lá os nossos buracos, as nossas deficiências. Desse buraco da gente, de alguma forma, saem as palavras”, refletiu Silvana Tavano, próximo do fim da conversa.

Sobre o 5.º Flitabira

O 5.º Flitabira é patrocinado pela Vale, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, e tem apoio da Prefeitura de Itabira. Com uma programação extensa, para todos os públicos e idades, o 5.º Flitabira promove debates literários, lançamentos de livros, contação de histórias para crianças, prêmio de redação e desenho, apresentações musicais e teatrais e oficinas, tudo ao redor de uma imensa e linda livraria. Criou também o “Flitabira da Gente”, dedicado aos empreendedores locais.

Serviço

5.º Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira

De 29 de outubro a 2 de novembro, quarta-feira a domingo

Entrada gratuita

Local: Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade e avenida lateral.

Toda a programação é transmitida on-line pelo Youtube @flitabira

Informações para a imprensa

imprensa@flitabira.com.br

Jozane Faleiro – 31 99204-6367

Laura Rossetti – 31 99277-3238

Letícia Finamore – 31 98252-2002