por Adalmo
Autores reuniram-se em mesa bem-humorada para contar histórias do Ceará e revelar seus projetos
A influência de Carlos Drummond de Andrade foi o tema que marcou o início da conversa entre os autores convidados. Xico Sá narrou a história de como um verso do itabirano o surpreendeu durante a prova para um concurso do Banco do Brasil e que anos depois viria a ser o título de um de seus livros, “Cão mijando no caos”. Rindo, ele declarou: “Achei aquilo uma lindeza. A potência do Drummond, a imagem, como ele condensa um mundo inteiro nesse verso”. Socorro Acioli também tem seu romance mais recente, “Oração para desaparecer”, intimamente ligado à obra de Carlos. Na esperança de “puxar uma história” para construí-lo, dado que até o momento ela só tinha uma igreja em Almofala como inspiração, Socorro descreveu o momento em que se deparou com a crônica “Areia e vento”. Nela, Drummond conta a história justamente de tal igreja, porém do ponto de vista dos tremembés, e ela foi suficiente para Acioli afirmar: “Sem essa crônica eu não teria feito esse livro”. Para encerrar o tópico, Estevão relembrou o lado ilustrador do poeta, por meio do qual ele se inspira para “desenhar com a palavra”: “Quero atingir essa síntese também, tanto no traço quanto no texto”.
Posteriormente, Socorro aproveitou “para ser bairrista” e pediu que Xico Sá, também um autor cearense, dissesse quais histórias de sua terra ainda se tornariam literatura. Sá confessou que muitas delas foram “gastas” em “Big jato”, livro que ele descreve mais como a “biografia de uma região do que uma autobiografia”. Porém, ele garantiu que ainda tinha “histórias de botija” para contar, que explicou serem histórias de “assombrações do mundo gótico nordestino”, até porque, segundo ele, “o Nordeste tem uma oralidade sem fim, um Homero a cada esquina”.
Daí foi a vez de Xico devolver uma pergunta a Acioli, curioso para saber mais sobre sua atividade no mundo das oficinas literárias. Socorro falou sobre como foi se debruçar no estudo da narratologia para então transmitir às pessoas o fazer da ficção literária: “O texto como um mecanismo, a criação das personagens, a estrutura de uma história”. Além disso, ela vê que “tem acontecido muita coisa boa” fruto desses encontros e destacou o trabalho de Stênio Gardel, autor de “A palavra que resta” e primeiro brasileiro vencedor do National Book Award.
Para finalizar a conversa, Estevão convocou todos a falarem sobre seus projetos. Antes, porém, divulgou seu recém-lançado livro ‘Sofia marujo e a Escola de Piratas’, obra dedicada à Sofia, uma de suas duas filhas gêmeas. Xico então contou sobre um “romance noir alagoano com tintas universais” que está preparando: “Estou escrevendo uma história policial, pesada!” Por fim, Socorro anunciou um novo romance chamado “Delírio de São Pedro”, história que envolve o edifício já considerado “o Copacabana Palace cearense”. A escrita desse novo livro está acontecendo no apartamento onde Guimarães Rosa viveu e escreveu vários de seus livros, mas também onde faleceu e foi velado. Ao alugar o espaço durante uma temporada, Acioli assumiu que foi “com muita coragem, muita determinação no apartamento onde ele morreu”. Após descrever a aparição de um fantasma em vestes azuis iguais ao pijama que Rosa sempre usava, ela encerrou a fala: “É desse jeito que eu tô escrevendo esse livro, à base de fantasma”.
Sobre o Instituto Cultural Vale
O Instituto Cultural Vale acredita que a cultura transforma vidas. Por isso, patrocina e fomenta projetos em parcerias que promovem conexões entre pessoas, iniciativas e territórios. Seu compromisso é contribuir com uma cultura cada vez mais acessível e plural, ao mesmo tempo em que atua para o fortalecimento da economia criativa. Desde a sua criação, em 2020, o Instituto Cultural Vale já esteve ao lado de mais de 800 projetos em 24 estados e no Distrito Federal, contemplando as cinco regiões do País. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com programação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Onde tem Cultura, a Vale está. Visite o site do Instituto Cultural Vale: institutoculturalvale.org
Sobre o Flitabira
A 4.ª edição do Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira – acontece entre os dias 30 de outubro e 3 de novembro de 2024, quarta-feira a domingo, na Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (Av. Carlos Drummond de Andrade, 666, Centro), com entrada gratuita.
Com o tema “Literatura, Amor e Ancestralidade”, o 4º. Flitabira tem o patrocínio do Instituto Cultural Vale, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, com o apoio da Prefeitura de Itabira.
Serviço:
4.º Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira
De 30 de outubro a 3 de novembro, quarta-feira a domingo
Local: programação presencial na Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (Av. Carlos Drummond de Andrade, 666, Centro) e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @flitabira
Entrada gratuita
Informações para a imprensa:
imprensa@flitabira.com.br
Jozane Faleiro – 31 99204-6367/ Letícia Finamore – 31 98252-2002