“O homem; as viagens” é um poema escrito por Carlos Drummond de Andrade, patrono do Festival Literário Internacional. No texto, o eu-lírico demonstra sua insatisfação com o planeta onde vive. Na Terra, há miséria, e por isso ele busca ser feliz em outros lugares – como na Lua. Mesmo sendo uma publicação da época de Drummond, o Planeta Terra torna-se, cada dia mais, um local inabitável: as temperaturas fogem do normal, sendo extremamente baixas ou exageradamente altas, animais correm risco de extinção, há falta de recursos em múltiplas localidades ao redor do globo. Diante de tanto questionamento em “O homem; as viagens”, a temática passa a guiar o debate liderado por Maria Ribeiro, Eliana Alves Cruz e Conceição Evaristo. As escritoras contribuirão com seus conhecimentos acerca da arte, da literatura e da preservação do meio ambiente para enriquecer a roda de conversa, que acontece às 21h do dia 3/11, sexta-feira. Assim como todas as atividades do III Flitabira, este evento tem entrada gratuita.

Confira, abaixo, o poema que norteia a palestra:

O homem; as viagens

 

O homem, bicho da Terra tão pequeno

Chateia-se na Terra

Lugar de muita miséria e pouca diversão,

Faz um foguete, uma cápsula, um módulo

Toca para a Lua

Desce cauteloso na Lua

Pisa na Lua

Planta bandeira na Lua

Experimenta a Lua

Coloniza a Lua

Civiliza a Lua

Humaniza a Lua.

Lua humanizada: tão igual à Terra.

O homem chateia-se na Lua.

Vamos para Marte – ordena a suas máquinas.

Elas obedecem, o homem desce em Marte

Pisa em Marte

Experimenta

Coloniza

Civiliza

Humaniza Marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado

Vamos a outra parte?

Claro – diz o engenho

Sofisticado e dócil.

Vamos a vênus

O homem põe o pé em Vênus,

Vê o visto – é isto?

Idem

Idem

Idem.

O homem funde a cuca se não for a Júpiter

Proclamar justiça junto com injustiça

Repetir a fossa

Repetir o inquieto

Repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.

O espaço todo vira Terra-a-terra.

O homem chega ao Sol ou dá uma volta

Só para tever?

Não-vê que ele inventa

Roupa insiderável de viver no Sol.

Põe o pé e:

Mas que chato é o Sol, falso touro

Espanhol domado.

Testam outros sistemas fora

Do solar a colonizar.

Ao acabarem todos

Só resta ao homem

(Estará equipado?)

A dificílima dangerosíssima viagem

De si a si mesmo:

Pôr o pé no chão

Do seu coração

Experimentar, colonizar, civilizar

Humanizar o homem

Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas

A perene, insuspeitada alegria de con-viver.

 

MARIA RIBEIRO

Maria Ribeiro estudou Jornalismo antes de se dedicar à carreira artística. Em 1994, a carioca estreou na TV em uma participação no “Memorial de Maria Moura”. O primeiro papel fixo na TV veio com “História de Amor”, em 1995, em que viveu Bianca Moretti. Seguiu anos fazendo participações. Voltou a ter um papel fixo em uma produção em “A Escrava Isaura”, em 2004. Depois disso fez ainda “Prova de Amor: e “Império”. Lançou seu primeiro livro, “Trinte e oito e meio”, em 2015. A obra reúne crônicas, reflexões e desabafos com textos autobiográficos. Destacou-se como apresentadora do “Saia Justa”, de 2013 a 2016.

ELIANA ALVES CRUZ

Vencedora do Prêmio Jabuti, em 2022, com seu livro “A vestida”, a carioca Eliana Alves Cruz é uma das mais destacadas escritoras brasileiras contemporâneas. Sua obra literária, que transita por diferentes gêneros como romance e conto, é marcada por abordar a história e a cultura afro-brasileiras. Eliana faz uso da ficção – muitas vezes embasada em fatos históricos – para falar sobre assuntos como racismo, desigualdade social, discriminação e pobreza. Ela é autora dos livros “Água de barrela” (2016); “O crime do Cais do Valongo” (2018); “Solitária” (2022); e “Nada digo de ti, que em ti não veja” (2020); além de coautora de “Perdidas: histórias para crianças que não têm vez” (2017).

CONCEIÇÃO EVARISTO

Conceição Evaristo nasceu em 29 de novembro de 1946, em Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais. Trabalhou como empregada doméstica, tornou-se professora e fez faculdade de Letras, além de mestrado e doutorado. Mas, apesar de consagrada como escritora, não foi eleita pela Academia Brasileira de Letras em 2018. A romancista, poeta e contista é autora de livros como “Ponciá Vicêncio”, seu romance mais famoso. Suas obras, pertencentes à literatura contemporânea, são caracterizadas pelo protagonismo feminino e pela denúncia de discriminação racial. Assim, são realistas e discutem questões de gênero e etnia.

SOBRE O FLITABIRA

Criado pelo jornalista Afonso Borges – que é também o idealizador do Festival Literário de Araxá (Fliaraxá) e do Sempre um Papo –, o Flitabira realizará sua terceira edição entre os dias 31 outubro e 5 de novembro de 2023, celebrando 121 anos de nascimento do poeta Carlos Drummond de Andrade. As atividades acontecem tanto de forma presencial, na Praça do Centenário, quanto on-line, pelo canal no YouTube do Festival.

O Flitabira tem patrocínio do Instituto Cultural Vale, via Lei de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, com o apoio da Prefeitura de Itabira e União Brasileira de Escritores – UBE.

INSTITUTO CULTURAL VALE

O Instituto Cultural Vale parte do princípio de que viver a cultura possibilita às pessoas ampliarem sua visão de mundo e criarem novas perspectivas de futuro. Tem importante papel na transformação social e busca democratizar o acesso, fomentar a arte, a cultura, o conhecimento e a difusão de diversas expressões artísticas do nosso País, ao mesmo tempo em que contribui para o fortalecimento da economia criativa. São mais de 300 projetos criados, apoiados ou patrocinados em 24 estados e no Distrito Federal em execução em 2023. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados via Lei Rouanet, com visitação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Onde tem Cultura, a Vale está. Visite o site do Instituto Cultural Vale: institutoculturalvale.org.

SERVIÇO:

III Flitabira – Festival Literário Internacional de Itabira
De 31 de outubro a 5 de novembro
Local: Circuito Cultural do Centro Histórico – Itabira-MG
Informações: www.flitabira.com.br
Informações para a imprensa: info@flitabira.com.br

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