por Adelmo
Autores se reuniram esta noite para discutir os desafios de suas obras frente aos desastres ambientais que assolam o planeta
Em homenagem ao aniversário de Carlos Drummond de Andrade, a conversa foi iniciada pela leitura de algumas de suas poesias. Cada autor declamou seu poema favorito do itabirano, para depois apresentarem brevemente suas literaturas.
Valter Hugo Mãe comentou o caminho até chegar a “Deus na escuridão”, romance recém-lançado em que regressou “à questão portuguesa como quem aceita sua identidade”. Sérgio Abranches apontou que tanto o livro do português quanto “Água turva”, de Morgana, apresentam “uma comunidade mais remota, num lugar fechado em si, numa relação mais íntima com a natureza”. Kretzmann, ao falar sobre a experiência de escrita de um segundo romance, destacou as comparações com o primeiro, “Ao pó”, que em 2021 foi agraciado com o Prêmio São Paulo de Literatura. Ela manifestou um desejo de “experimentar, fazer coisas diferentes, sair do conforto literário”. “Eu queria muito escrever um livro policial sobre crimes ambientais no não lugar que é a fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina.” Ao contar mais sobre sua pesquisa no Parque Estadual do Turvo, ela salientou que a caça predatória da onça-pintada, presente em sua obra, pode até soar “como algo que acontecia nos anos 1950, 1960, mas é atual”.
Nesse momento, Sérgio destacou uma experiência comum a todos não apenas no auditório, mas no mundo: a vivência da “transição da mudança climática para a emergência climática”. Ele então convidou os outros autores a comentarem a necessidade de tratar o tema com “alguma propriedade, alguma seriedade”. Morgana relatou que escreveu seu último livro logo após se formar em Gestão Ambiental, destacando que diferente de relatórios e dados, “quem sabe, através da ficção, a gente consiga fazer as pessoas entenderem a urgência do que está acontecendo”. Isso posto, ela ressaltou a impossibilidade de um “crescimento econômico infinito em cima de recursos finitos”, pontuando o papel de programas de sustentabilidade para que isso seja revertido. Ao frisar a importância de cobrar mudanças vindas de políticos e grandes empresários, concluiu: “Continuamos quase como que anestesiados sem saber como reagir, a gente passou do negacionismo climático para o conformismo climático”.
Valter trouxe para o assunto o caso europeu, em que ele afirma existir uma impressão de que “as coisas estão em um outro ritmo, mais lento, não tão grave”. Em seguida, declarou que o “que está acontecendo na Espanha agora é uma lição para a Europa”. Mais que ambiental, Sérgio afirmou posteriormente que “o desastre é social, é socioclimático, porque a gente tem uma sociedade que chama por ele. O clima está respondendo ao que nós fazemos”.
Ao fim da conversa, veio da plateia uma fala de Tamara Klink, autora e navegadora presente na programação do Flitabira. Ela convocou todos à ação e afirmou a necessidade de não abandonar a luta, de “aceitar que a gente vai ter de defender a vida humana e a biodiversidade enquanto elas existirem”. Morgana então completou sua fala: “É óbvio que ainda há esperança. Precisamos nos apegar aos nossos afetos, à nossa família, à arte, pois ela é capaz de mudar as pessoas”.
Sobre o Instituto Cultural Vale
O Instituto Cultural Vale acredita que a cultura transforma vidas. Por isso, patrocina e fomenta projetos em parcerias que promovem conexões entre pessoas, iniciativas e territórios. Seu compromisso é contribuir com uma cultura cada vez mais acessível e plural, ao mesmo tempo em que atua para o fortalecimento da economia criativa. Desde a sua criação, em 2020, o Instituto Cultural Vale já esteve ao lado de mais de 800 projetos em 24 estados e no Distrito Federal, contemplando as cinco regiões do País. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com programação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Onde tem Cultura, a Vale está. Visite o site do Instituto Cultural Vale: institutoculturalvale.org
Sobre o Flitabira
A 4.ª edição do Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira – acontece entre os dias 30 de outubro e 3 de novembro de 2024, quarta-feira a domingo, na Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (Av. Carlos Drummond de Andrade, 666, Centro), com entrada gratuita.
Com o tema “Literatura, Amor e Ancestralidade”, o 4º. Flitabira tem o patrocínio do Instituto Cultural Vale, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, com o apoio da Prefeitura de Itabira.
Serviço:
4.º Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira
De 30 de outubro a 3 de novembro, quarta-feira a domingo
Local: programação presencial na Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (Av. Carlos Drummond de Andrade, 666, Centro) e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @flitabira
Entrada gratuita
Informações para a imprensa:
imprensa@flitabira.com.br
Jozane Faleiro – 31 99204-6367/ Letícia Finamore – 31 98252-2002