Em 2023 é celebrado os 121 anos de nascimento do poeta itabirano Carlos Drummond de Andrade, patrono do Festival Literário Internacional de Itabira. Inspirado na coincidência do número 121 ser um palíndromo – ou seja, pode ser lido da mesma forma da esquerda para a direita e vice-versa, o Flitabira lançou o Concurso Nacional de Palíndromos CDA, o #desafiopalindromoCDA121, que teve curadoria de Leo Cunha e Ricardo Cambraia, experts no assunto. Os participantes poderiam tweetar seus palíndromos até o dia 29/10, e o resultado foi divulgado no primeiro dia do Flitabira, dia 31/10.

O professor Pasquale Cipro Neto foi convidado para ser jurado, e aproveitou a ocasião para explicar o que é um palíndromo:

“‘Pali’ significa ‘no sentido reverso’. Então um palíndromo é o que corre no sentido oposto – a gente pode ler da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda e tudo bem, a leitura é a mesma. Já ‘capicua’ é uma palavra espanhola que, ao pé da letra, significa ‘cabeça cabo’. Nesse caso, referimo-nos aos números: são números que são lidos da direita pra esquerda e da esquerda pra direita e ficam a mesma coisa.”

Ricardo Cambraia, conhecido nas redes sociais como “O palindromista”, é integrante da “Liga Ágil”, um grupo de palindromistas que se reúne semanalmente no Twitter desde 2012 e congrega dezenas de adeptos do gênero.

Leo Cunha, curador do #desafiopalindromoCDA121, conta que o cenário brasileiro vive um boom da palindromia. Isso é perceptível nas interações da Liga Ágil no Twitter, assim como na facilidade de encontrar livros de palíndromos nas livrarias. Leo Cunha, inclusive, escritor há mais de trinta anos, é o autor de “Osso Nosso”, título que corresponde à brincadeira celebrada pelo Flitabira na comemoração dos 121 anos de Drummond.

Na live em que foram anunciados os vencedores, Cunha, Cambraia e Cipro Neto apresentaram todos os 22 finalistas do desafio. É possível perceber que vários palindromistas usaram versos do “Poema de Sete Faces”, obra de CDA que permite até três variações de palíndromos. Além disso, outras menções eram identificáveis, como as feitas aos poemas “No Meio do Caminho”, “José”, “Mãos Dadas”, “Áporo”, “Eutanásia” e “Quadrilha”.

Leo Cunha conta:

“A Grande maioria dos palíndromos do desafio é de altíssima qualidade, alguns bastante poéticos, outros divertidos, com referências sutis aos poemas, outros quase conseguindo espelhar um verso”.

O escritor belo-horizontino ainda completa que o #desafiopalindromoCDA121 teve um efeito colateral muito positivo, já que resultou na revisitação da obra de Carlos Drummond de Andrade por leitores que há muito não paravam para ler os trabalhos do poeta itabirano.

Confira os vencedores do desafio

Os prêmios do #desafiopalindromoCDA121 foram em dinheiro: o primeiro lugar foi condecorado com R$1.000,00 e o segundo com R$500,00.

Fábio Aristimunho ficou com a segunda colocação do desafio ao escrever um palíndromo em formato de soneto. Presidente da Liga Ágil, Fábio também é jurista internacionalista, doutor pela USP, advogado, escritor, professor e tradutor. Confira, a seguir, o trabalho que o consagrou como vice-campeão:

Arde, Pedra

É só jogar. Fixa, se é covarde.
Pelo meio da via, revoa, mau,
se logo alar a braba, a varapau.
E é agora, José, esse “vi tarde”?

Pode-me só mocar o pão. (Apesar de
poder, nem é seu. Quer bota, capiau?)
À catedral, à areia, a dar de pai,
sua pedrada. Aí era alarde?

Taca, uai! Pacato breu que, sem enredo,
pedras e pão aporá como se medo
pedra tivesse, e só. Já roga, é?

Eu aparava a barba rala – o gole,
sua mão. Vê: raiva dói. É mole,
pedra? Você é saxífrago, José.

O primeiro lugar do #desafiopalindromoCDA121 ficou com Luiz Mors, professor, pesquisador, e palindromista, autor do palíndromo abaixo:

O poeta atreve. Lá, teme, doloso. Age no solo torrefato. Bota passos, sapato, bota ferro! Tolo, sonega o solo de metal, e verta até o pó.

Parabéns aos vencedores, Fábio Aristimunho e Luiz Mors!

SOBRE O FLITABIRA

Criado pelo jornalista Afonso Borges – que é também o idealizador do Festival Literário de Araxá (Fliaraxá) e do Sempre um Papo –, o Flitabira realizará sua terceira edição entre os dias 31 outubro e 5 de novembro de 2023, celebrando 121 anos de nascimento do poeta Carlos Drummond de Andrade. As atividades acontecem tanto de forma presencial, na Praça do Centenário, quanto on-line, pelo canal no YouTube do Festival.

O Flitabira tem patrocínio do Instituto Cultural Vale, via Lei de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, com o apoio da Prefeitura de Itabira e União Brasileira de Escritores – UBE.

INSTITUTO CULTURAL VALE

O Instituto Cultural Vale parte do princípio de que viver a cultura possibilita às pessoas ampliarem sua visão de mundo e criarem novas perspectivas de futuro. Tem um importante papel na transformação social e busca democratizar o acesso, fomentar a arte, a cultura, o conhecimento e a difusão de diversas expressões artísticas do nosso país, ao mesmo tempo em que contribui para o fortalecimento da economia criativa. Nos anos 2020-2022, o Instituto Cultural Vale patrocinou mais de 600 projetos em mais de 24 estados e no Distrito Federal. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com visitação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Onde tem Cultura, a Vale está. Visite o site do Instituto Cultural Vale: institutoculturalvale.org

SERVIÇO:

III Flitabira – Festival Literário Internacional de Itabira
De 31 de outubro a 5 de novembro
Local: Praça do Centenário (Rua Maj. Lage, 121 – Centro Histórico)
Informações: www.flitabira.com.br
Informações para a imprensa: info@flitabira.com.br