
Por Letícia Finamore
O encontro de Isabella Noronha, Silvana Tavano, Teresa Cárdenas e Ricardo Ramos Filho, que aconteceu às 19h deste 30 de outubro, teve como tema “Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo”, referenciando um verso icônico da poesia de Carlos Drummond de Andrade. Ocupando a posição de mediador, Ricardo abriu o debate com uma pergunta relacionada à temática e questionou as escritoras: “o que é, para vocês, o sentimento de mundo hoje?”.
A perplexidade foi o ponto de partida: a vontade de ver o mundo, mesmo quando ele se mostra cada vez mais difícil de encarar. Logo em seguida, emergiu um incômodo compartilhado: a sensação de que estamos matando as subjetividades, perdendo a delicadeza de sentir. A violência se tornou norteadora – o medo, as guerras, os acontecimentos recentes, como o que marcou o Rio de Janeiro no último dia 28, pairavam no ar. O clima era de desesperança.
Mas foi justamente nesse cenário taciturno que a poesia se fez presente. Teresa Cárdenas trouxe uma nova sonoridade ao ouvir os versos de Drummond e realizou a declamação em espanhol. Na primeira vez, declamou “Os Ombros Suportam o Mundo”, e depois performou “Quero”. Antes de dar voz e corpo aos versos drummondianos, Teresa fez questão de ressaltar que defende com firmeza a força da palavra escrita. “Eu sou gente declamadora”, afirmou antes de realizar sua última declamação no encontro.
Silvana mostrou que o poeta mineiro também fazia parte da sua própria história: contou sobre o período em que, ainda estudante de jornalismo, trocou cartas com ele. Uma dessas cartas nasceu de um pedido ousado – a permissão para incluir um poema inteiro em seu livro. Drummond respondeu com cartas, autorizando a publicação completa da obra, mas com apontamentos sobre o que a escritora poderia alterar antes de publicar a obra.
A conversa seguiu com Isabela lendo o poema “Mãos Dadas”, e, em um outro momento, uma “fofoca” bem-humorada de Teresa arrancou risadas do público, quebrando o clima melancólico que pairava até então. Tudo isso porque contou a história de Drummond, garoto que foi batizado com este nome em homenagem ao poeta.
Ricardo, mediador do encontro, aproveitou para conduzir as escritoras de volta às suas próprias obras. Silvana falou sobre como o tempo é um tema constante em sua escrita. As últimas palavras do debate foram um tributo e uma celebração da escrita drummondiana. “Que sorte tem Itabira, que sorte tem o Brasil ter Carlos Drummond de Andrade”.
Sobre o 5.º Flitabira
O 5.º Flitabira é patrocinado pela Vale, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, e tem apoio da Prefeitura de Itabira. Com uma programação extensa, para todos os públicos e idades, o 5.º Flitabira promove debates literários, lançamentos de livros, contação de histórias para crianças, prêmio de redação, apresentações musicais e teatrais e oficinas, tudo ao redor de uma imensa e linda livraria. Criou também o “Flitabira da Gente”, dedicado aos empreendedores locais.
Serviço
5.º Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira
De 29 de outubro a 2 de novembro, quarta-feira a domingo
Entrada gratuita
Local: Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade e avenida lateral.
Toda a programação é transmitida online pelo Youtube @flitabira
Informações para a imprensa
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