
O poema “Sentimento do mundo” é conhecido por sua profundidade e capacidade de tocar o âmago das experiências humanas. Nesse sentido, Cármen Lúcia e Conceição Evaristo se unem para falar sobre as diferentes interpretações que o poema pode trazer, envolvendo a poesia como meio de expressão da tão complexa condição humana e suas alegrias, tristezas, anseios e desilusões.
Indo além, Cármen e Conceição também terão ao alcance outra faceta trazida pelo poema: a sensação de desamparo e a busca por significado em um mundo muitas vezes indiferente, trazendo a necessidade da poesia integrar o cotidiano da sociedade.
Na ocasião, além da palestra, haverá a entrega do Troféu Juca Pato de Intelectual do Ano, concedido pela União Brasileira de Escritores. Pela primeira vez, a premiação condecora uma mulher negra. A escolha de Conceição Evaristo foi feita a partir de um voto dos associados da UBE. O prêmio, segundo a entidade, é concedido à personalidade que tenha publicado livro no Brasil, no ano anterior, e se destacado pelo conjunto da obra em qualquer área do conhecimento, valorizando e representando os ideais democráticos. O prêmio é um dos mais tradicionais do País e foi criado em 1962 por iniciativa do escritor Marcos Rey.
O troféu da premiação é a réplica da personagem criada pelo jornalista Lélis Vieira e imortalizada pelo ilustrador e chargista Benedito Carneiro Bastos Barreto, conhecido pelo pseudônimo de Belmonte (1896-1947). A UBE, sociedade civil fundada em 1958, luta em defesa da liberdade de expressão, dos direitos do autor, da cadeia produtiva do livro e pela democratização do acesso à informação. Ricardo Ramos Filho, autor que também é nome confirmado no Flitabira, é o seu atual presidente.
A palestra guiada pelo poema “Sentimento do mundo” será realizada no dia 4/11, sábado, às 21h. A entrega do prêmio ocorrerá em seguida.
Leia, a seguir, o poema que norteia a palestra:
Sentimento do mundo
Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
mas estou cheio de escravos,
minhas lembranças escorrem
e o corpo transige
na confluência do amor.Quando me levantar, o céu
estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.Os camaradas não disseram
que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis.Quando os corpos passarem,
eu ficarei sozinho
desfiando a recordação
do sineiro, da viúva e do microscopista
que habitavam a barraca
e não foram encontrados
ao amanheceresse amanhecer
mais noite que a noite.
CÁRMEN LÚCIA
Cármen Lúcia Antunes Rocha é natural de Montes Claros-MG. Obteve o título de mestre em Direito pela UFMG em 1982. Sua trajetória profissional é marcada pela ética e pelo comprometimento com o interesse público. No magistério na PUC Minas, onde lecionou Direito Constitucional, sempre se destacou pela defesa do regime democrático e da concretização dos direitos humanos. No exercício da advocacia do estado de Minas Gerais, exerceu o cargo de Advogada Geral do Estado, em que participou da defesa dos interesses da população de Minas Gerais no caso da reassunção do controle acionário da Cemig pelo Estado. No exercício do cargo de ministra do Supremo Tribunal Federal, tem pautado sua atuação pela serenidade e pela independência que devem nortear todos que exercem a magistratura. Além de todas as virtudes apontadas, a Ministra Cármen Lúcia dá exemplar contribuição para construção da igualdade de gênero no País.
CONCEIÇÃO EVARISTO
Conceição Evaristo nasceu em 29 de novembro de 1946, em Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais. Trabalhou como empregada doméstica, tornou-se professora e fez faculdade de Letras, além de mestrado e doutorado. Mas, apesar de consagrada como escritora, não foi eleita pela Academia Brasileira de Letras em 2018. A romancista, poeta e contista é autora de livros como “Ponciá Vicêncio”, seu romance mais famoso. Suas obras, pertencentes à literatura contemporânea, são caracterizadas pelo protagonismo feminino e pela denúncia de discriminação racial. Assim, são realistas e discutem questões de gênero e etnia.
SOBRE O FLITABIRA
Criado pelo jornalista Afonso Borges – que é também o idealizador do Festival Literário de Araxá (Fliaraxá) e do Sempre um Papo –, o Flitabira realizará sua terceira edição entre os dias 31 outubro e 5 de novembro de 2023, celebrando 121 anos de nascimento do poeta Carlos Drummond de Andrade. As atividades acontecem tanto de forma presencial, na Praça do Centenário, quanto on-line, pelo canal no YouTube do Festival.
O Flitabira tem patrocínio do Instituto Cultural Vale, via Lei de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, com o apoio da Prefeitura de Itabira e União Brasileira de Escritores – UBE.
INSTITUTO CULTURAL VALE
O Instituto Cultural Vale parte do princípio de que viver a cultura possibilita às pessoas ampliarem sua visão de mundo e criarem novas perspectivas de futuro. Tem importante papel na transformação social e busca democratizar o acesso, fomentar a arte, a cultura, o conhecimento e a difusão de diversas expressões artísticas do nosso País, ao mesmo tempo em que contribui para o fortalecimento da economia criativa. São mais de 300 projetos criados, apoiados ou patrocinados em 24 estados e no Distrito Federal em execução em 2023. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados via Lei Rouanet, com visitação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Onde tem Cultura, a Vale está. Visite o site do Instituto Cultural Vale: institutoculturalvale.org.
SERVIÇO:
III Flitabira – Festival Literário Internacional de Itabira
De 31 de outubro a 5 de novembro
Local: Praça do Centenário (Rua Maj. Lage, 121 – Centro Histórico)
Informações: www.flitabira.com.br
Informações para a imprensa: info@flitabira.com.br