
Por Letícia Finamore
O sábado deste 5.º Flitabira, 1.º de novembro, recebeu os escritores Geni Núñez, Aírton Souza e Morgana S. Kretzmann em uma roda de conversa com o mediador Alexandre Coimbra Amaral. O encontro teve como tema “Territórios narrativos: vozes dissidentes, vozes plurais” e foi realizado no teatro da FCCDA. A escolha de reunir os três autores advém de um ponto comum entre seus trabalhos, já que cada um aborda a territorialidade respectiva às suas origens.
Geni falou sobre sua origem indígena, uma vez que é da etnia Guarani; Aírton abordou sua infância pobre na Amazônia, cenário que mudou por meio da literatura; Morgana contou sobre o Parque Estadual do Turvo, localizado no estado do Rio Grande do Sul e local onde ocorre caça exploratória de animais silvestres. Nessa interseção, o território foi pensado enquanto comunicação, convivência e resistência.
Morgana S. Kretzmann abriu o diálogo falando sobre o Parque Estadual do Turvo, cenário onde se passa a história de seu livro premiado “Água turva”. Leu um trecho da obra e, emocionada, falou da caça exploratória, da relação entre natureza e violência, e da persistência de quem luta para permanecer – principalmente nas fronteiras entre países, como é o caso da história de Morgana e de sua obra. Além da escritora, os Aírton e Geni leram trechos de seus trabalhos: Geni sobre “Felizes por enquanto”, lançado em 2024, e Aírton com o inédito “O fedor da carne de Deus”, previsto para 2026.
O escritor, por sua vez, trouxe à mesa a potência da origem amazônica. Contou que seu primeiro contato com a palavra escrita foi em um livro didático, em um poema de Drummond. O escritor relembra: “Na época, fiquei impressionado, mas só depois percebi que tinha lido um dos maiores poetas do mundo”. Hoje, a escrita é para ele um território de denúncia e resistência – uma forma de devolver visibilidade às histórias e vidas apagadas. Ouvir os territórios individuais é uma forma de escutar o País.
Geni completou o trio com a força do conceito de “corpo-território”, costurando sua fala à ideia de que o espaço é uma trama de interdependências. A psicóloga pensa “território” como um espaço de interdependência, uma vez que é preciso estar em contato com outras pessoas, com o “próximo”. Sua fala terminou com os excertos drummondianos de “Canto Mineral”, de Drummond.
Os três escritores, em companhia de Alexandre, promoveram uma conversa que evidenciou que a escrita, dentre tantas possibilidades, é uma forma de resistência. Por fim, Morgana fez questão de enfatizar que a literatura contemporânea brasileira é de resistência, e que esse movimento atual não vai parar.
Sobre o 5.º Flitabira
O 5.º Flitabira é patrocinado pela Vale, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, e tem apoio da Prefeitura de Itabira. Com uma programação extensa, para todos os públicos e idades, o 5.º Flitabira promove debates literários, lançamentos de livros, contação de histórias para crianças, prêmio de redação e desenho, apresentações musicais e teatrais e oficinas, tudo ao redor de uma imensa e linda livraria. Criou também o “Flitabira da Gente”, dedicado aos empreendedores locais.
Serviço
5.º Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira
De 29 de outubro a 2 de novembro, quarta-feira a domingo
Entrada gratuita
Local: Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade e avenida lateral.
Toda a programação é transmitida on-line pelo Youtube @flitabira
Informações para a imprensa
imprensa@flitabira.com.br
Jozane Faleiro – 31 99204-6367
Laura Rossetti – 31 99277-3238
Letícia Finamore – 31 98252-2002