O que Jamil Chade e Rosa Freire D’Aguiar têm em comum? Para começar, ambos são jornalistas. Indo além, os dois organizaram livros de cartas. Assim também, tanto o paulistano quanto a carioca moraram por anos fora do Brasil. Chade optou por ir à Suíça a trabalho – já D’Aguiar não teve a mesma oportunidade e, embora tenha ido morar na França por vontade própria, por lá ficou para acompanhar seu marido, Celso Furtado, que estava em exílio desde 1964.

Juntamente à escritora Juliana Monteiro, Jamil Chade organizou o livro “Ao Brasil, com amor”. A obra traz cartas trocadas entre os dois amigos – ele, baseado em Genebra, na Suíça, e ela em Roma, na Itália. Dentre as várias reflexões feitas na obra, que aborda contextos políticos e sociais, Chade e Monteiro contam sobre a experiência de verem seus filhos crescerem em um país diferente de onde eles, pais, nasceram. No III Flitabira, Jamil Chade fez a leitura de uma das cartas de  “Ao Brasil, com amor” de arrepiar. Naquela correspondência, Juliana Monteiro escreve ao amigo sobre a saudade que sente do Brasil, e aproveita para refletir sobre o próprio termo, único ao português: “saudade”.

Entre a leitura feita por Jamil Chade e os apontamentos feitos por Ângelo Oswaldo, prefeito de Ouro Preto, mediador da palestra e também jornalista, Rosa Freire D’Aguiar contou um pouco de sua carreira jornalística, ressaltando lugares onde trabalhou, personalidades que já entrevistou e momentos históricos que já viveu – muitos deles ao lado de seu marido. Após a morte de Celso Furtado, Rosa se deparou com um amontoado de cartas (segundo ela, mais de quinze mil), a partir do qual, após minuciosa leitura, organizou nos livros “Diários Intermitentes” e “Correspondência Intelectual”.

Palestra teve ligação direta com o tema do III Flitabira, que nesta edição celebra a obra epistolar de CDA (Foto: Filipe Abras)

A palestra de Jamil Chade e Rosa Freire D’Aguiar se relaciona com o III Flitabira no que tange ao tema do festival, “Arte, Literatura e Correspondências”, que em 2023 celebra a obra epistolar de Carlos Drummond de Andrade, patrono do Festival. Isso porque as correspondências de Carlos Drummond de Andrade com seus amigos são uma verdadeira obra-prima da literatura epistolar brasileira. O poeta mineiro tinha o hábito de trocar cartas com diversos colegas ao longo de sua vida, assim como apontam Chade e D’Aguiar, cada um conforme seus estilos de trabalho, e essas correspondências revelam muito sobre a personalidade, os pensamentos e as relações pessoais de Drummond, assuntos que surgiam e proporcionaram conversas sobre literatura, política, filosofia e assuntos cotidianos, sempre com muita inteligência e humor.

Indo além, as correspondências de Drummond também são um registro histórico importante: elas retratam a vida cultural brasileira nas décadas de 1920 a 1980. Diante de um extenso conteúdo, rico em história, seja da vida de Carlos Drummond de Andrade, de seus amigos, seja do contexto social vigente, as correspondências do poeta mineiro com seus amigos são uma fonte literária valiosa para conhecer mais sobre sua vida e obra, assim como também oferece um panorama abundante da cultura brasileira no século XX. Igualmente, assim também são os trabalhos de Jamil Chade e Rosa Freire D’Aguiar.

SOBRE O FLITABIRA

Criado pelo jornalista Afonso Borges – que é também o idealizador do Festival Literário de Araxá (Fliaraxá) e do Sempre um Papo –, o Flitabira realizará sua terceira edição entre os dias 31 outubro e 5 de novembro de 2023, celebrando 121 anos de nascimento do poeta Carlos Drummond de Andrade. As atividades acontecem tanto de forma presencial, na Praça do Centenário, quanto on-line, pelo canal no YouTube do Festival.

O Flitabira tem patrocínio do Instituto Cultural Vale, via Lei de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, com o apoio da Prefeitura de Itabira e União Brasileira de Escritores – UBE.

INSTITUTO CULTURAL VALE

O Instituto Cultural Vale parte do princípio de que viver a cultura possibilita às pessoas ampliarem sua visão de mundo e criarem novas perspectivas de futuro. Tem um importante papel na transformação social e busca democratizar o acesso, fomentar a arte, a cultura, o conhecimento e a difusão de diversas expressões artísticas do nosso país, ao mesmo tempo em que contribui para o fortalecimento da economia criativa. Nos anos 2020-2022, o Instituto Cultural Vale patrocinou mais de 600 projetos em mais de 24 estados e no Distrito Federal. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com visitação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Onde tem Cultura, a Vale está. Visite o site do Instituto Cultural Vale: institutoculturalvale.org

SERVIÇO:

III Flitabira – Festival Literário Internacional de Itabira
De 31 de outubro a 5 de novembro
Local: Praça do Centenário (Rua Maj. Lage, 121 – Centro Histórico)
Informações: www.flitabira.com.br
Informações para a imprensa: info@flitabira.com.br