Tendo inspiração no poema “O elefante”, escrito por Carlos Drummond de Andrade, Patrono do Flitabira, a artista visual argentina Raquel Cané administrará uma oficina voltada para crianças de todas as idades. A proposta de Cané é criar, sobre os painéis do foyeur da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade, onde o Festival será realizado, a reprodução de múltiplas silhuetas de elefantes – a partir de uma ilustração desenvolvida pela artista. Sobre essas silhuetas, os visitantes poderão desenhar e manifestar suas criatividades com o auxílio de canetinhas, gizes de cera, lápis e tinta colorida, materiais disponibilizados pelo Flitabira. Raquel acompanhará o público ao longo da realização do Festival, que poderá interagir com as ilustrações dos elefantes nos seguintes dias e horários:

30 de outubro, quarta-feira
9h30 as 10h30
14h as 15h

31 de outubro, quinta-feira
8h30 as 9h30
14h as 15h

1.º de novembro, sexta-feira
8h30 as 9h30
14h as 15h

Leia, a seguir, o poema “O elefante”, que inspira a intervenção “Elefantismos Drummondianos”, idealizada por Raquel Cané:

Fabrico um elefante
De meus poucos recursos
Um tanto de madeira
Tirado a velhos moveis
Talvez lhe dê apoio
E o encho de algodão
De paina, de doçura
A cola vai fixar
Suas orelhas pensas
A tromba se enovela
E é a parte mais feliz
De sua arquitetura

 

Mas há também as presas
Dessa matéria pura
Que não sei figurar
Tão alva essa riqueza
A espojar-se nos circos
Sem perda ou corrupção
E há por fim os olhos
Onde se deposita
A parte do elefante
Mais fluida e permanente

 

Alheia a toda fraude
Eis meu pobre elefante
Pronto para sair
À procura de amigos
Num mundo enfastiado
Que já não crê nos bichos
E duvida das coisas
Ei-lo, massa imponente
E frágil, que se abana
E move lentamente
A pele costurada
Onde há flores de pano
E nuvens, alusões
A um mundo mais poético
Onde o amor reagrupa as formas naturais

 

Vai o meu elefante
Pela rua povoada
Mas não o querem ver
Nem mesmo para rir
Da cauda que ameaça
Deixá-lo ir sozinho
É todo graça, embora
As pernas não ajudem
E seu ventre balofo
Se arrisque a desabar
Ao mais leve empurrão
Mostra com elegância
Sua mínima vida
E não há na cidade
Alma que se disponha
A recolher em si
Desse corpo sensível
A fugitiva imagem
O passo desastrado
Mas faminto e tocante

 

Mas faminto de seres
E situações patéticas
De encontros ao luar
No mais profundo oceano
Sob a raiz das árvores
Ou no seio das conchas
De luzes que não cegam
E brilham através
Dos troncos mais espessos
Esse passo que vai
Sem esmagar as plantas
No campo de batalha
À procura de sítios
Segredos, episódios
Não contados em livro
De que apenas o vento
As folhas, a formiga
Reconhecem o talhe
Mas que os homens ignoram
Pois só ousam mostrar-se
Sob a paz das cortinas
À pálpebra cerrada

 

E já tarde da noite
Volta meu elefante
Mas volta fatigado
E as patas vacilantes
Se desmancham no pó
Ele não encontrou
O de que carecia
O de que carecemos
Eu e meu elefante
Em que amo disfarçar-me
Exausto de pesquisa
Caiu-lhe o vasto engenho
Como simples papel
A cola se dissolve
E todo seu conteúdo
De perdão, de carícia
De pluma, de algodão
Jorra sobre o tapete
Qual mito desmontado
Amanhã recomeço

 

Conheça a artista

Raquel Cané nasceu em Santa Fé, em 1974. Estudou design gráfico na Universidade Nacional do Litoral. Foi assistente de direção de arte da Rolling Stone, Argentina, e diretora de arte da Ediciones B. Durante quase vinte anos, trabalhou de forma independente como designer e ilustradora, criando capas de livros para editoras como Planeta, V&R, Capital Intelectual, Malpaso, Salamandra, Emecé, Random House Argentina, México e Espanha. Atualmente, é responsável pela área de arte infantil da Penguin Random House. É autora dos álbuns “Nina”, “El señor de los sueños”, “Sopa”, “El libro del miedo”, “Soy”, “Calesita”, “Barba Azul”. Ilustrou “Cómo nacieron las estrellas”, “La vida íntima de Laura”, “Casi de verdad”, de Clarice Lispector; “El cuento de retintín”, de Laura Devetach, “O elefante” e “O mundo é grande”, de Carlos Drummond de Andrade; “Mara” e “Apuntes sobre la vida de una elefanta”, de Paula Bombara; “La grasita”, de Mercedes Pérez Sabbi; “Ana y la gaviota”, de Carolina Esses; entre outros. Escreveu os livros de poemas “Cartas a H”, “El aprendizaje”, “Palabras elementales” e “Piedra”.

Sobre o Instituto Cultural Vale

O Instituto Cultural Vale acredita que a cultura transforma vidas. Por isso, patrocina e fomenta projetos em parcerias que promovem conexões entre pessoas, iniciativas e territórios. Seu compromisso é contribuir com uma cultura cada vez mais acessível e plural, ao mesmo tempo em que atua para o fortalecimento da economia criativa. Desde a sua criação, em 2020, o Instituto Cultural Vale já esteve ao lado de mais de 800 projetos em 24 estados e no Distrito Federal, contemplando as cinco regiões do País. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com programação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Onde tem Cultura, a Vale está. Visite o site do Instituto Cultural Vale: institutoculturalvale.org!

Sobre o Flitabira

A 4.ª edição do Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira – acontece entre os dias 30 de outubro e 3 de novembro de 2024, de quarta-feira a domingo, na Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (Av. Carlos Drummond de Andrade, 666, Centro), com entrada gratuita.

Com o tema “Literatura, Amor e Ancestralidade”, o 4.º Flitabira tem o patrocínio do Instituto Cultural Vale, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, com o apoio da Prefeitura de Itabira.

Serviço:

4.º Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira
De 30 de outubro a 3 de novembro, de quarta-feira a domingo
Local: programação presencial na Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (Av. Carlos Drummond de Andrade, 666, Centro) e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @flitabira
Entrada gratuita

Informações para a imprensa:

imprensa@flitabira.com.br
Jozane Faleiro  – 31 99204-6367/ Letícia Finamore – 31 98252-2002