
Por Letícia Finamore
As jornalistas Ana Paula Araújo e Míriam Leitão e a promotora de justiça e escritora Lívia Sant’Anna Vaz se reuniram na noite deste sábado, 1.º de novembro. O trio falou sobre o tema “A literatura na trilha da justiça: violência contra as mulheres e a condição da mulher negra”, no painel marcado para as 19h, no teatro da FCCD. O encontro teve um aviso dado por Míriam: “esta é uma mesa de conversa feminista”.
Logo de cara, Ana Paula Araújo trouxe à tona um tema ainda envolto em silêncio e que era parte daquela conversa: a violência contra a mulher. Jornalista experiente, ela falou não apenas com a autoridade de quem investiga o assunto há anos, mas também com a sensibilidade de quem entende o quanto o problema está entranhado na cultura e nas relações cotidianas. Ela começou lembrando que a violência contra a mulher não se resume às agressões físicas – embora essas sejam as mais visíveis e frequentemente as mais noticiadas. Existe uma teia de violências sutis, simbólicas e psicológicas que antecedem o ato. São as humilhações disfarçadas de “brincadeira”, o controle mascarado de “ciúme”, as interrupções constantes em conversas, o isolamento imposto de forma gradual.
Ana Paula também falou sobre como o Brasil ainda é um país onde a desigualdade de gênero se reflete nas estruturas de poder, na economia e na política. Lívia complementou as falas da jornalista ao citar dados sobre feminicídios e casos de violência doméstica que continuam alarmantes. Por isso, a jornalista falou sobre a libertação que só a informação é capaz de fornecer. Além disso, falou sobre os diferentes tipos de violência que podem ser cometidos contra a mulher, “revelando” que uma de suas fontes nesta pesquisa foi Lívia Sant’Anna Vaz, escritora e promotora de justiça, sentada ao seu lado.
A jurista deu início à sua fala em seguida, declamando um poema cujo eu-lírico era uma mulher negra escravizada. Com isso, indicou que a situação dessas mulheres vai além do que reivindica o movimento feminista: por ela também perpassa a questão racial. Os mesmos séculos de opressão aos quais as mulheres foram submetidas ainda são mais duros para as mulheres negras. Disse: “A mulher negra não é apenas uma mulher que sofre as mesmas violências que as outras. Ela sofre outras violências, sobrepostas, acumuladas, historicamente naturalizadas”. A promotora e escritora também refletiu sobre o corpo negro feminino como território histórico de violência – da escravidão à contemporaneidade.
Sobre o 5.º Flitabira
O 5.º Flitabira é patrocinado pela Vale, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, e tem apoio da Prefeitura de Itabira. Com uma programação extensa, para todos os públicos e idades, o 5.º Flitabira promove debates literários, lançamentos de livros, contação de histórias para crianças, prêmio de redação e desenho, apresentações musicais e teatrais e oficinas, tudo ao redor de uma imensa e linda livraria. Criou também o “Flitabira da Gente”, dedicado aos empreendedores locais.
Serviço
5.º Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira
De 29 de outubro a 2 de novembro, quarta-feira a domingo
Entrada gratuita
Local: Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade e avenida lateral.
Toda a programação é transmitida on-line pelo Youtube @flitabira
Informações para a imprensa
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