por Gabriel Pinheiro

 

O encontro da literatura e da poesia com as artes plásticas foi tema de conversa entre os escritores

 

A Biblioteca da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade recebeu uma mesa especial neste  Festival Literário Internacional de Itabira – 4.º Flitabira. Os escritores Valter Hugo Mãe e Mariana Paz, com a mediação da escritora e editora Simone Paulino, conversaram sobre literatura, poesia e suas interseções com as artes plásticas, como o desenho e a pintura, segundo Simone Paulino, “o lado-b do trabalho dos dois autores”.

 

Mariana Paz, ao falar sobre sua relação com as artes plásticas, rememorou a infância. “Quando criança eu ficava muito tempo desenhando. Era sempre um prazer, o desenho era uma coisa gostosa. Não tinha essa ideia de querer ser artista, de ter isso como profissão.” Sobre o seu desenvolvimento enquanto artista: “Chegou um momento em que a arte parou a minha vida. Não tem como viver sem essa relação, sem esse lugar. Foi quando decidi me dedicar à arte, a estudar. Um caminho muito bonito, mas pouco acolhido pelo social”.

 

Valter também retornou à sua infância: Creio que usei o desenho sempre como uma máscara. Comecei a escrever sem saber muito bem como escrever. Era uma forma muito compulsiva, muito necessária. Comecei a fazer alguns desenhos em meus cadernos, como forma de esconder meus escritos das outras pessoas”. Valter brincou dizendo não se considerar um artista plástico. “Tive uma percepção muito cedo de que alguma coisa naquelas palavras era uma salvação para mim. (…) Enquanto desenho, foco nas palavras. Estou sempre interessado nas palavras. Meus desenhos são sempre uma forma de eu estar mais perto de um texto.”

 

Se Valter busca, nos seus desenhos, as palavras, Mariana comentou sobre buscar o silêncio.

Segundo Simone, “enquanto a Mariana tem uma relação com o território, com as plantas, com a terra e suas cores, o Valter desenha seres que não existem – um imaginário que também está nos seus livros”. Valter acrescentou: “Eu queria desenhar coisas que existem, mas eu não consigo”. Sobre a relação entre escrita e pintura, Mariana Paz destacou: “Sinto que, na minha escrita, as pessoas conversam comigo e eu converso com as pessoas. Já quando pinto, sinto que as coisas conversam comigo. (…) Esse tipo de conversa que a arte nos traz, que é tão profunda e tão intensa, é onde eu gosto de estar”.

 

“Em que momento vocês tiveram a necessidade de juntar as artes plásticas aos projetos literários de vocês?”, perguntou Simone Paulino para Valter e Mariana – ambos têm trabalhos que são ilustrados e editados em diálogo com suas pinturas e desenhos.

Para Mariana, as duas linguagens – a poesia e a pintura – complementam-se muito. “Uma desestabiliza muito a outra, puxa muito a outra para perto de si. (…) Acho que os desenhos equilibram o livro.”

 

Simone destacou o trânsito entre a prosa e a poesia na obra dos dois autores. “Valter começou sua carreira literária na poesia e tem uma prosa marcadamente poética. Mariana, que também começa como poeta, está começando a se aventurar na prosa.” Valter comentou: “Para mim, as palavras são um poder absoluto, seja na poesia, seja no teatro, no cinema, nos romances. Tudo está ao meu alcance. Não que eu me sinta capaz de ser bem sucedido em todos os gêneros, mas, em determinados momentos da minha vida, senti a necessidade e me arrisquei”. Mariana complementou: “Confio muito nas palavras. E tenho medo de não fazer aquilo o que elas me pedem para fazer, de não ouvir o chamado para a escrita”.

 

Ao fim da conversa, Paulino comentou sobre o trabalho dos dois artistas na literatura para infâncias: “Gosto de falar com crianças. Temos um papel social importante em falar com elas”, sublinhou Hugo Mãe. Concluindo a conversa, Mariana destacou: “Acho que existe uma generosidade em quem decide escrever um livro infantil. Um desejo de chegar nas crianças. Quero me comunicar com elas. (…) Há algo de muito mágico nesses livros: os pais leem com os filhos”.

 

 

Sobre o Instituto Cultural Vale

O Instituto Cultural Vale acredita que a cultura transforma vidas. Por isso, patrocina e fomenta projetos em parcerias que promovem conexões entre pessoas, iniciativas e territórios. Seu compromisso é contribuir com uma cultura cada vez mais acessível e plural, ao mesmo tempo em que atua para o fortalecimento da economia criativa. Desde a sua criação, em 2020, o Instituto Cultural Vale já esteve ao lado de mais de 800 projetos em 24 estados e no Distrito Federal, contemplando as cinco regiões do País. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com programação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Onde tem Cultura, a Vale está. Visite o site do Instituto Cultural Vale: institutoculturalvale.org

 

Sobre o Flitabira

A 4.ª edição do Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira – acontece entre os dias 30 de outubro e 3 de novembro de 2024, quarta-feira a domingo, na Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (Av. Carlos Drummond de Andrade, 666, Centro), com entrada gratuita.

 

Com o tema “Literatura, Amor e Ancestralidade”, o 4.º Flitabira tem o patrocínio do Instituto Cultural Vale, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, com o apoio da Prefeitura de Itabira.

 

Serviço:

4.º Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira

De 30 de outubro a 3 de novembro, quarta-feira a domingo

Local: programação presencial na Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (Av. Carlos Drummond de Andrade, 666, Centro) e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @flitabira

Entrada gratuita

 

Informações para a imprensa:

imprensa@flitabira.com.br

Jozane Faleiro  – 31 99204-6367/ Letícia Finamore – 31 98252-2002