
Por Adrielle Brito
A programação local do 5° Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira recebeu uma mesa dedicada ao tema “Arte, tradição e ancestralidade”, na tarde desta sexta-feira, 31, no Auditório da Biblioteca da FCCDA. A mesa contou com a presença dos escritores Jeanyce Araújo e Marlon Santos, com mediação da professora Sandra Duarte.
A mediadora iniciou a mesa emocionada, agradecendo os ancestrais por proporcionarem encontros valorosos como a mesa desta tarde. Sandra perguntou para os convidados como a ancestralidade e a arte encontrou suas trajetórias. “Vocês têm o entendimento da arte e ancestralidade como um elemento não só de estética, não só de resistência cultural. Como isso esbarra na ancestralidade?”, questionou.
Jeanyce Araújo, da Comunidade Quilombola de São Pedro, afirmou que ao pensar em arte na visão quilombola, ela seria a própria arte. “As palavras arte, dança, literatura, atribuídas aos sentidos quilombolas, a estas palavras já existentes, são intrínsecas à nossa existência. Então, a gente é arte, é palavra,é dança, é música.”
O escritor e professor Marlon Santos contou como a arte e a ancestralidade entraram em sua trajetória. “Meu encontro com a arte e a ancestralidade aconteceu na escola, na educação básica. E esse entrocamento entre a arte e a ancestralidade vai acontecer quando eu me reconheço como uma pessoa preta. Foi na universidade, onde eu comecei a desconstruir uma concepção eurocêntrica de arte e a ter contato com essa arte vinda da minha ancestralidade”.
Durante a conversa, os escritores abordaram o conceito de cultura e arte, e em como a educação tem uma importância essencial na transformação de vidas. Marlon contou sobre sua transformação como professor, buscando trazer uma educação antirracista. “Eu tento ser um educador anti racista, é uma tentativa porque é uma construção diária. Para justamente oportunizar que os meus alunos possam reconhecer que a marujada da cidade deles é tão valiosa quanto Chopin”.
Sandra Duarte trouxe para a conversa a obra homenageada do 5° Flitabira “A rosa do povo”, de Carlos Drummond de Andrade. A mediadora citou o poema “Morte do Leiteiro” e fez referência à tragédia que ocorreu no Rio de Janeiro. “Esse menino de 21 anos que morreu entregando leite, é de uma família trabalhadora, e eu quero que a gente reflita sobre como a educação pode libertar esse sujeito que mora em qualquer lugar, na periferia… E como que eu posso chegar para a esse menino, para ele entender o valor que ele tem, mas sabendo os perigos que ele está correndo”, refletiu.
A mesa se encerrou com Jeanyce compartilhando uma frase da escritora Maria Firmino dos Reis. “A mente, essa é impossível de ser escravizada”, concluiu reforçando a temática da “Arte, tradição e ancestralidade” .
Sobre o 5.º Flitabira
O 5.º Flitabira – Festival Literário Internacional de Itabira – acontece entre os dias 29 de outubro, quarta-feira, e 2 de novembro, domingo, com o tema “Literatura, Encruzilhada e a Rosa do Povo”, no Teatro da FCCDA e na Av. Daniel Jardim de Grisólia, em Itabira. O evento é apresentado pela Vale, por meio da Lei Rouanet do Ministério da Cultura, com o apoio do Sesc e da Prefeitura de Itabira. Todas as atividades são gratuitas.
Serviço
5.º Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira
De 29 de outubro a 2 de novembro, quarta-feira a domingo
Entrada gratuita
Local: Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade e avenida lateral.
Toda a programação é transmitida online pelo Youtube @flitabira
Informações para a imprensa
imprensa@flitabira.com.br
Jozane Faleiro – 31 99204-6367
Laura Rossetti – 31 99277-3238
Letícia Finamore – 31 98252-2002