
Por Adrielle Brito
A escrevivência como um canal de fuga e desabafo
A programação local do 5° Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira apresentou a mesa dedicada à temática “Caminhos para uma escrita negra feminina”, na manhã desta sexta-feira 31, no Auditório da Biblioteca da FCCDA. O encontro contou com a presença da escritora Dona Rosinha, Nyara Crispim, com mediação de Camila Vieira, que abriu a mesa se emocionando ao falar sobre os desafios enfrentados para uma escrita negra feminina. “Eu paro pra pensar na trajetória de várias mulheres negras até aqui. Quantas barreiras precisam ser rompidas, quantos desafios precisaram ser vencidos e ainda precisam, em todas as suas trajetórias. Algo muito familiar me atravessa, ao escutar as grandes autoras que abrilhantam não só o Flitabira, mas também a história da literatura brasileira”, disse.
A mediadora destacou sua similaridade com a história de Dona Rosinha, “por diversas vezes assim como Dona Rosinha eu escrevi os meus diários pros meus amigos, escrevi cartas pra minha irmã”, disse com a voz embargada. “ A escrita também é isso né. A escrita traz a emoção pra gente e, por diversas vezes, eu escrevia mas guardava aquilo pra mim”, concluiu.
Camila perguntou para as convidadas como foi para elas essa experiência de ter uma publicação e o que é essa escrevivência para ela. Nyara Crispim, escritora e servidora pública, contou que a escrevivência para ela é poder. “ No conceito da nossa grande Conceição Evaristo, pra mim é poder expressar as minhas emoções e meus pensamentos, é ter a liberdade de expressar. Na escrita a gente tem a possibilidade de expressar com sinceridade e liberdade”, contou.
Dona Rosinha compartilhou sua percepção sobre a temática e disse que a escrevivência para ela é, hoje, como um canal de fuga. “É um canal de desabafo, às vezes a gente quer falar e não tem com quem. E eu descobri, agora, que a escrevivência era tudo que eu fazia”, refletiu.
Escritora do Quilombo Morro Santo Antônio, Dona Rosinha, destacou o seu desejo de continuar escrevendo, e contou sobre a emoção em lançar seu livro no 5° Flitabira, aos 66 anos de idade. “Eu nunca senti uma fraqueza na perna. Será que eu não vou andar mais?!”, brincou, destacando a adrenalina que sentiu estando no palco no dia do lançamento e ao lado de Conceição Evaristo, que escreveu o prefácio do livro.
Na mesa, as escritoras abordaram as dificuldades enfrentadas durante a jornada da escrita negra feminina. Estar no Flitabira é uma expressão de resistência e, nessa resistência, pensando nas dificuldades e nesses percalços que a gente enfrenta, eu penso também que a gente deve ter esperança”, enfatizou Camila Vieira.
Em um momento motivador, a mediadora falou que essas palavras ecoam também por outras pessoas e outras vivências, continuou. “A escrita deixa a gente mais leve e, ali, a gente pode sonhar, pode ser quem a gente quiser. A gente pode ser as nossas próprias heroínas”, concluiu.
Sobre o 5.º Flitabira
O 5.º Flitabira – Festival Literário Internacional de Itabira – acontece entre os dias 29 de outubro, quarta-feira, e 2 de novembro, domingo, com o tema “Literatura, Encruzilhada e a Rosa do Povo”, no Teatro da FCCDA e na Av. Daniel Jardim de Grisólia, em Itabira. O evento é apresentado pela Vale, por meio da Lei Rouanet do Ministério da Cultura, com o apoio do Sesc e da Prefeitura de Itabira. Todas as atividades são gratuitas.
Serviço
5.º Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira
De 29 de outubro a 2 de novembro, quarta-feira a domingo
Entrada gratuita
Local: Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade e avenida lateral.
Toda a programação é transmitida online pelo Youtube @flitabira
Informações para a imprensa
imprensa@flitabira.com.br
Jozane Faleiro – 31 99204-6367
Laura Rossetti – 31 99277-3238
Letícia Finamore – 31 98252-2002