
Por Letícia Finamore
A mesa das 18h da sexta-feira do 5.º Flitabira começa com uma animação no telão, onde são vistas palavras em preto e branco pulsando entre fumaças. Com o tempo, percebe-se que são os nomes dos poemas do livro “A Rosa do Povo”, que completa 80 anos de lançamento neste ano, 2025. Ao fim, a fumaça se transforma em fogo e das cinzas surge a imagem da capa da primeira edição do livro octogenário e a edição mais recente da obra, lançada em 2023.
Era o início de uma pequena homenagem a Carlos Drummond de Andrade, no dia em que se comemoram 123 anos de seu nascimento. Na mesa, o escritor Marcelino Freire assumiu a mediação e apresentou seus companheiros de conversa: o pesquisador e escritor Edmílson Caminha e o neto do poeta, Pedro Drummond. “Gostaria de abdicar do posto de mediador para poder apenas declamar”, brincou Marcelino, antes que a leitura tomasse conta do palco. O primeiro a fazer sua leitura foi Edmílson, que selecionou o poema “Nosso tempo”. Pedro, por sua vez, deu continuidade e escolheu “Áporo”. Marcelino leu “Medo”.
No momento em que teve a palavra, Pedro Drummond deixou um pedido à equipe do Flitabira: “Façam mais festivais literários”. Encontros como o Flitabira (que celebra em 2025 meia década de existência) são, também, uma forma de manter viva a chama da poesia. O convidado ainda aproveitou e comentou como o livro “A Rosa do Povo” é atual, mesmo tendo sido lançado em 1945. Em ambos os tempos, o aqui e o outrora, guerras, conflitos e mazelas se sobressaem perante a sociedade. Por isso a obra octogenária é tão contemporânea – e sua circulação mostra como a poesia é grandiosa. Pedro deixou claro que, apesar de “tudo”, tem esperança no futuro.
Complementando, falou sobre a herança afetiva de conviver com o avô e como, durante a adolescência, passou a compreender a dimensão pública de Carlos Drummond de Andrade. Pedro afirmou como, curiosamente, é a voz do poeta que “guia” sua consciência, como a voz mental do narrador de um livro.
Edmílson Caminha, um dos principais estudiosos da vida e obra de Drummond, compartilhou reflexões sobre o legado do poeta e citou outros intelectuais que seguiram trilhas semelhantes, como Affonso Romano de Sant’Anna e Antonio Carlos Secchin. Contou histórias de bastidores, como o dia em que conheceu Drummond pessoalmente, as correspondências que trocaram; também lembrou de causos curiosos. A participação de Caminha foi, portanto, como uma apresentação que um verdadeiro entusiasta faria: com brilho nos olhos e proximidade afetiva (e, neste caso, intelectual). O clima de conversa que o encontro do 5.º Flitabira tomou fez com que o debate ficasse ainda mais rico, diante de tantas informações ditas pelo pesquisador.
Antes de dar a mesa de conversa como encerrada, Pedro Drummond exibiu um vídeo do poema “Consolo na praia”, em um clipe gravado por seu projeto Ondaalta, juntamente a “Girafone”. É uma espécie de videoclipe, como em uma música: no entanto, a trilha sonora é a voz do próprio escritor enquanto narrador.
Veja o encontro na íntegra:
Sobre o 5.º Flitabira
O 5.º Flitabira é patrocinado pela Vale, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, e tem apoio da Prefeitura de Itabira. Com uma programação extensa, para todos os públicos e idades, o 5.º Flitabira promove debates literários, lançamentos de livros, contação de histórias para crianças, prêmio de redação, apresentações musicais e teatrais e oficinas, tudo ao redor de uma imensa e linda livraria. Criou também o “Flitabira da Gente”, dedicado aos empreendedores locais.
Serviço
5.º Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira
De 29 de outubro a 2 de novembro, quarta-feira a domingo
Entrada gratuita
Local: Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade e avenida lateral.
Toda a programação é transmitida online pelo Youtube @flitabira
Informações para a imprensa
imprensa@flitabira.com.br
Jozane Faleiro – 31 99204-6367
Laura Rossetti – 31 99277-3238
Letícia Finamore – 31 98252-2002