Em parceria com o III Flitabira, o Sesc-SP promove o Ciclo de Debates Virtual “A Obra Epistolar de Drummond” no qual 11 temas tangentes ao assunto central da proposta são abordados por 12 diferentes especialistas na obra do poeta. Os episódios duram cerca de uma hora e é possível acessá-los nos canais do YouTube do Flitabira e do Sesc CPF.
Todos os debates são mediados pelo escritor e jornalista Fábio Lucas, editor do @livronewsnoinsta, em Pernambuco.
A OBRA EPISTOLAR DE DRUMMOND
As correspondências de Carlos Drummond de Andrade com seus amigos são uma verdadeira obra-prima da literatura epistolar brasileira. O poeta mineiro tinha o hábito de trocar cartas com diversos colegas ao longo de sua vida, e essas correspondências revelam muito sobre sua personalidade, seus pensamentos e suas relações pessoais, assuntos que surgiam e proporcionaram conversas sobre literatura, política, filosofia e assuntos cotidianos, sempre com muita inteligência e humor.
Indo além, as correspondências de Drummond também são um registro histórico importante: elas retratam a vida cultural brasileira nas décadas de 1920 a 1980. Diante de um extenso conteúdo, rico em história, seja da vida de Carlos Drummond de Andrade, de seus amigos, seja do contexto social vigente, as correspondências do poeta mineiro com seus amigos são uma fonte literária valiosa para conhecer mais sobre sua vida e obra, assim como também oferece um panorama abundante da cultura brasileira no século XX.
Trata-se de uma chance de construir a ponte entre o passado e o presente, celebrando o talento de Carlos Drummond de Andrade e o empenho daqueles que baseiam seus estudos na obra do escritor. Tal proposta não apenas enriquece o cenário literário, mas também reforça a necessidade contínua de conferir valor à obra epistolar – a sua imensa troca de cartas era uma obra literária à parte de sua produção.
Confira abaixo a relação dos especialistas e os temas a serem tratados:
- Alceu Amoroso Lima, por Leandro Garcia Rodrigues – 20/11, segunda-feira, 20h
Leandro Garcia Rodrigues foi o convidado do Ciclo de Debates Virtual: A Obra Epistolar de Drummond, apresentado pelo Sesc-SP e pelo III Flitabira, para falar sobre as correspondências entre o poeta itabirano e Alceu Amoroso Lima. Também conhecido pelo pseudônimo “Tristão de Ataíde”, Alceu Amoroso Lima foi escritor, crítico literário e professor. No ano de 1935, Alceu foi eleito para a cadeira de número 40 da Academia Mineira de Letras. Além disso, no mesmo ano, tornou-se membro do Conselho Nacional de Educação.
Um aspecto fundamental na correspondência entre Carlos Drummond de Andrade e Alceu Amoroso Lima diz respeito à questão religiosa, assunto este tão forte e profundamente ligado à vida de ambos, ora por afirmação, por parte de Alceu, ora por negação ou ceticismo, por parte de Drummond. Alceu e Drummond acompanharam a reorganização da Igreja Católica no Brasil, no sentido ideológico, pastoral e doutrinal, e esse momento foi abordado em suas correspondências.
- Diversos autores, por Edmílson Caminha – 21/11, terça-feira, 20h
No Ciclo de Debates Virtual: A Obra Epistolar de Drummond, apresentado pelo Sesc-SP e pelo III Flitabira, Edmílson Caminha é convidado para falar sobre as correspondências entre o poeta itabirano e diversos autores de seu tempo.
As correspondências de Carlos Drummond de Andrade com seus amigos são uma verdadeira obra-prima da literatura epistolar brasileira. O poeta mineiro tinha o hábito de trocar cartas com diversos colegas ao longo de sua vida, e essas correspondências revelam muito sobre sua personalidade, seus pensamentos e suas relações pessoais, assuntos que surgiam e proporcionaram conversas sobre literatura, política, filosofia e assuntos cotidianos, sempre com muita inteligência e humor.
- Cyro dos Anjos, por Wander Melo Miranda – 22/11, quarta-feira, 20h
No âmbito do Ciclo de Debates Virtual: A Obra Epistolar de Drummond, promovido pelo Sesc-SP, em colaboração com o III Flitabira, a participação de Wander Melo Miranda é voltada para as trocas de correspondências entre o poeta itabirano e Cyro dos Anjos, amigo de CDA que dedicou muitos anos de sua vida à advocacia e ao serviço público. Cyro dos Anjos é mais conhecido por sua obra “O Amanuense Belmiro”, que é considerada uma das grandes realizações da prosa regionalista brasileira.
Carlos e Cyro dos Anjos compartilhavam a rotina entre o serviço público e a literatura. Trocaram correspondências por toda a vida, se mostraram amigos e confidentes para falar dos mais diversos assuntos – a política vigente da época, o círculo de amizades de ambos, família, trabalho e sobre a criação literária de cada um. Drummond deposita em Cyro dos Anjos uma grande confiança, relatando com intimidade os acontecimentos de sua vida. Já Cyro dos Anjos se mostra um aprendiz, seguidor de Carlos Drummond. O poeta serve de inspiração e encoraja o romancista à escrita literária.
- A carpintaria da curadoria das cartas, por Samuel Titan – 23/11, quinta-feira, 20h
Para falar sobre o delicado e importante processo de curadoria epistolar, Samuel Titan é convidado para integrar a programação do Ciclo de Debates Virtual: A Obra Epistolar de Drummond, apresentado pelo Sesc-SP e pelo III Flitabira.
A curadoria das cartas, com todos os seus processos de seleção, organização e preservação, desempenha um papel basilar na preservação da história literária e na construção de uma narrativa mais completa sobre a vida e obra de um autor. Há, portanto, uma relação intrínseca entre a curadoria de cartas e a obra epistolar de Carlos Drummond de Andrade: ela está na importância da preservação e organização das cartas de Drummond, garantindo que elas continuem a ser fonte de informações sobre sua vida e seu contexto literário.
- Manuel Bandeira, Mário de Andrade e outros, por José Miguel Wisnik – 24/11, sexta-feira, 20h
O músico José Miguel Wisnik fala sobre as cartas trocadas entre os escritores Drummond e Manuel Bandeira para o Ciclo de Debates Virtual: A Obra Epistolar de Drummond, apresentado pelo Sesc-SP e pelo III Flitabira. Integrante da primeira geração modernista do Brasil, Manuel Bandeira foi escritor, bem como professor, crítico e historiador literário. Sua obra é recheada de lirismo poético, percebido em seu uso de versos livres, linguagem coloquial, irreverência e liberdade criadora. Assim como Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira escrevia, dentre outras coisas, sobre o cotidiano e a melancolia.
Enquanto isso, Mário de Andrade foi um importante escritor, poeta e estudioso da cultura brasileira do século XX. Ele desempenhou um papel fundamental no movimento modernista brasileiro e foi autor de obras influentes como “Macunaíma” e “Pauliceia Desvairada”. Além de sua produção literária, Mário de Andrade também atuou como pesquisador e folclorista, contribuindo para a valorização da cultura popular brasileira.
Escritor e amigo de Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade manteve com ele uma correspondência que durou por toda a vida e também é parte fundamental das lições e da aprendizagem poética no início da carreira de Drummond. Evidentemente, a relação entre os dois poetas, no âmbito da literatura, era de influência recíproca, na qual se discutiam ideias e experimentos de versificação.
Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade mantiveram uma relação literária significativa, embora não tenham tido uma amizade próxima. A relação entre Bandeira e Drummond era marcada pela admiração mútua e pelo respeito literário. Ambos tinham estilos poéticos distintos, porém compartilhavam a mesma preocupação com a vida cotidiana e a experiência humana, e isso se refletiu em suas obras.
- Ribeiro Couto, por Marcelo Bortoloti – 27/11, segunda-feira, 20h
No Ciclo de Debates Virtual: A Obra Epistolar de Drummond, apresentado pelo Sesc-SP e pelo III Flitabira, Marcelo Bortoloti fala sobre as correspondências entre o poeta itabirano e Ribeiro Couto, escritor, poeta e diplomata brasileiro. A obra de Couto incluiu poesia, ensaios e traduções, e ele também serviu como embaixador do Brasil em diversos países. Couto era conhecido por seu estilo literário refinado e seu trabalho contribuiu para a literatura brasileira do século XX.
Enquanto Drummond se destacava por sua seriedade, introspecção e inclinação progressista, Couto era conhecido por sua sociabilidade, abordagem otimista em relação à vida, interesse nas nuances do cotidiano e, notavelmente, politicamente conservador. Quando os dois escritores começaram a se corresponder, Drummond era recém-casado e ainda dava seus primeiros passos no universo literário. O debate literário entre os dois escritores parece ter unido os poetas em um primeiro momento, com muitas trocas sobre o modernismo. Apesar das discrepâncias evidentes entre suas personalidades e visões de mundo, a partir de 1925, ambos estabeleceram uma correspondência regular por meio de cartas. Essa troca de correspondências perdurou, com altos e baixos, até 1963, quando Couto faleceu.
- Vinícius de Moraes, por José Castello – 28/11, terça-feira, 20h
No Ciclo de Debates Virtual: A Obra Epistolar de Drummond, apresentado pelo Sesc-SP e pelo III Flitabira, José Castello é convidado para falar sobre as correspondências entre o poeta itabirano e Vinícius de Moraes.
Vinicius de Moraes foi um poeta, compositor e diplomata brasileiro. Ele desempenhou papel fundamental na música popular brasileira, sendo um dos colaboradores do movimento da Bossa Nova e autor de letras icônicas, como as de “Garota de Ipanema”. Além de sua contribuição para a música, Vinicius também se dedicou à poesia. Suas contribuições culturais são valorizadas por suas sensibilidades e melodias, o que garantiu a Vinicius um amplo reconhecimento como uma das figuras mais influentes da cultura brasileira do século XX.
Vinicius de Moraes e Carlos Drummond de Andrade eram duas figuras proeminentes na cena literária brasileira do século XX. Cada um tinha seu próprio estilo poético distinto, com Vinicius sendo conhecido por sua poesia lírica e musical, e Drummond por sua abordagem mais sóbria e crítica. Eles se encontraram pessoalmente em algumas ocasiões e trocaram correspondências, que eram marcadas por discussões sobre literatura e poesia.
- Pedro Nava, por Eliane Vasconcellos e Matildes Demétrio – 29/11, quarta-feira, 20h
No Ciclo de Debates Virtual: A Obra Epistolar de Drummond, apresentado pelo Sesc-SP e pelo III Flitabira, Matildes Demétrio e Eliane Vasconcelos são convidadas para falar sobre as correspondências entre Drummond e Pedro Nava. Nascido na cidade mineira de Juiz de Fora, Nava foi um médico, escritor e memorialista brasileiro. Ele é amplamente reconhecido por sua série de memórias intitulada “Baú de Ossos”, na qual descreve sua vida, a sociedade e a medicina do Brasil no século XX. Suas obras são instrumento de pesquisa para compreender a história e a cultura brasileira da época, sendo admiradas por sua prosa detalhada e rica em observações.
Drummond e Nava mantiveram uma amizade sólida, iniciada em 1922, que se estendeu até a morte de Nava, no ano de 1983. Em seus momentos de descontração, eles trocavam poemas, crônicas, artigos e textos de ficção e artigos.
- João Cabral de Melo Neto, por Antonio Carlos Secchin – 30/11, quinta-feira, 20h
Antonio Carlos Secchin é convidado para falar sobre as correspondências entre o poeta itabirano e João Cabral de Melo Neto para a programação do Ciclo de Debates Virtual: A Obra Epistolar de Drummond, apresentado pelo Sesc-SP e pelo III Flitabira. João Cabral de Melo Neto foi diplomata e poeta, tendo seu trabalho literário conhecido por sua precisão e estilo conciso, frequentemente influenciado por elementos visuais e geométricos. Autor de “Morte e Vida Severina” e “O Cão sem Plumas”, Cabral é uma figura fundamental na literatura brasileira do século XX e recebeu prêmios como o Prêmio Camões e o Prêmio Neustadt de Literatura.
A amizade de Drummond e Cabral conta com o importante fato de que o poeta mineiro foi até mesmo padrinho de casamento de Cabral. Mesmo assim, a relação entre os dois era delicada. As cartas de Cabral são sempre maiores e generosas, as de Drummond mais parcas, às vezes de uma ou duas linhas. Por isso, é de se notar que nas últimas cartas trocadas entre Cabral e Drummond, embora reafirmem a mútua admiração e a amizade, há também sempre uma necessidade de explicação de por que não se escrevem.
- A obra epistolar de Drummond, por Humberto Werneck – 01/12, sexta-feira, 20h
Humberto Werneck também integra o cronograma do Ciclo de Debates Virtual: A Obra Epistolar de Drummond, apresentado pelo Sesc-SP e pelo III Flitabira, e fica incumbido de falar sobre a herança deixada pelo poeta itabirano em suas cartas.
As correspondências de Drummond são um registro histórico importante: elas retratam a vida cultural brasileira nas décadas de 1920 a 1980. Diante de um extenso conteúdo, rico em história, seja da vida de Carlos Drummond de Andrade, de seus amigos, seja do contexto social vigente, as correspondências do poeta mineiro com seus amigos são uma fonte literária valiosa para conhecer mais sobre sua vida e obra, assim como também oferece um panorama abundante da cultura brasileira no século XX.
- Candido Portinari, por João Candido Portinari – 04/12, segunda-feira, 20h
João Candido Portinari, filho do mundialmente conhecido pintor Candido Portinari, é convidado para falar das cartas trocadas entre seu pai e Carlos Drummond de Andrade. O Ciclo de Debates Virtual: A Obra Epistolar de Drummond é apresentado pelo Sesc-SP e pelo III Flitabira, Festival que celebra a vida e as obras do pintor e, é claro, do poeta itabirano.
Candido Portinari foi um pintor brasileiro conhecido por suas obras que retratam a vida e a cultura do Brasil. Sua pintura era frequentemente marcada por um estilo realista e de temas sociais, abordando questões como a desigualdade, a vida rural e as tradições brasileiras. Portinari é famoso por murais notáveis, como “Guerra e Paz”, localizado na sede da Organização das Nações Unidas (ONU). Sua arte desempenhou um papel importante na promoção da cultura brasileira no cenário internacional.
Carlos Drummond de Andrade e Candido Portinari representam a convergência de duas figuras icônicas na cultura brasileira, cada uma contribuindo de maneira única para o enriquecimento da expressão cultural do Brasil no século XX. A amizade entre os dois é nítida nas cartas que trocaram ao longo de suas vidas, tendo sido enviadas mesmo em meio às mudanças de endereço. Fosse em Brodowski, Rio de Janeiro ou em Paris, os amigos se correspondiam e falavam sobre suas famílias e assuntos relativos ao dia a dia.
MEDIAÇÃO DO CICLO DE DEBATES
Pernambucano de Recife, cidade onde mora até hoje, Fábio Lucas de Barros e Silva é escritor, jornalista, criador e editor do Livronews, portal cultural com perfis nas redes sociais, que divulga a literatura brasileira contemporânea de maneira incansável, e realiza debates e lives literárias. Autor dos livros “Quaoar” (crônicas e artigos, 2005), “A Psicanálise do Clone” (ensaio extraído da dissertação de mestrado em Filosofia, 2007) e “Um Objeto que Vê” (crônicas, 2009), Fábio também foi colaborador das páginas de opinião do Jornal do Commercio (PE) e editor de opinião e repórter da Gazeta Mercantil Distrito Federal, em Brasília, além de outras atividades jornalísticas e literárias como ser colaborador do Jornal Rascunho, desde 2019. Assumiu, em 2023, a presidência do Conselho Editorial da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) para o biênio 2023/2025.
SOBRE O FLITABIRA
Criado pelo jornalista Afonso Borges – que é também o idealizador do Festival Literário de Araxá (Fliaraxá) e do Sempre um Papo –, o Flitabira realizará sua terceira edição entre os dias 31 outubro e 5 de novembro de 2023, celebrando 121 anos de nascimento do poeta Carlos Drummond de Andrade. As atividades acontecem tanto de forma presencial, na Praça do Centenário, quanto on-line, pelo canal no YouTube do Festival.
INSTITUTO CULTURAL VALE
O Instituto Cultural Vale parte do princípio de que viver a cultura possibilita às pessoas ampliarem sua visão de mundo e criarem novas perspectivas de futuro. Tem um importante papel na transformação social e busca democratizar o acesso, fomentar a arte, a cultura, o conhecimento e a difusão de diversas expressões artísticas do nosso país, ao mesmo tempo em que contribui para o fortalecimento da economia criativa. Nos anos 2020-2022, o Instituto Cultural Vale patrocinou mais de 600 projetos em mais de 24 estados e no Distrito Federal. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com visitação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Onde tem Cultura, a Vale está. Visite o site do Instituto Cultural Vale: institutoculturalvale.org
SERVIÇO:
III Flitabira – Festival Literário Internacional de Itabira
De 31 de outubro a 5 de novembro
Local: Praça do Centenário (Rua Maj. Lage, 121 – Centro Histórico)
Informações: www.flitabira.com.br
Informações para a imprensa: info@flitabira.com.br